A greve dos trabalhadores ligados à parte operacional da Atlânticoline, obrigou ao cancelamento de “15,3% da totalidade” de ligações marítimas previstas entre ilhas dos Açores, no período de 1 a 27 de fevereiro, revelou esta segunda-feira a empresa pública.

A paralisação convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP) arrasta-se desde dezembro e há já um novo pré-aviso de greve para o mês de março.

De acordo com informações avançadas à agência Lusa pela Atlânticoline, empresa de transporte marítimo entre ilhas açorianas, “entre 1 a 27 de fevereiro foram canceladas, devido à greve, 15,3% da totalidade de viagens previstas”.

“Do universo de trabalhadores da empresa, 21 fizeram greve em algum momento, dentro do período em análise, o que representa 20% dos trabalhadores”, indicou ainda a empresa.

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O Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP), apresentou um novo aviso prévio de greve na Atlânticoline, a partir de terça-feira e até 31 de março.

Transporte marítimo nos Açores com nova greve agendada para março

A Atlânticoline já divulgou os serviços mínimos fixados tendo em conta o novo pré-aviso de greve dos trabalhadores em março, a quarta paralisação desde dezembro de 2021.

Assim, o Tribunal Arbitral definiu como serviços mínimos diários as viagens da Linha Azul Horta/Madalena, das 07h30 e 17h15, e Madalena/Horta, das 08h15 e 18h00 e, na Linha Verde, as das 09h00, 09h40, 11h15 e 12h50 entre Horta/Madalena, Madalena/Velas, Velas/Madalena, Madalena/Horta, respetivamente.

“As viagens definidas como de serviços mínimos terão a sua realização garantida [naturalmente sujeitas às condições meteorológicas], sendo que todas as demais poderão ou não realizar-se, consoante a adesão dos colaboradores à greve”, explicou a empresa.

Ficam “assegurados todos os serviços necessários à realização das operações de transporte determinadas por situações de emergência, designadamente de urgência hospitalar, naufrágio, intempérie ou outras situações de força maior, entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge”, informou ainda a Atlânticoline.

A greve na Atlânticoline decorre desde dezembro de 2021, mantendo-se o diferendo entre a empresa pública de transporte marítimo entre ilhas e o Sindicato.

A Atlânticoline considerou recentemente que o sindicato “tem agido com má-fé negocial”, justificando que “sempre que a empresa acede ao aumento proposto, o sindicato propõe mais alterações, mantendo as negociações num constante impasse”.

O sindicato “exige aumentos salariais fora da razoabilidade”, apontou a empresa.

Esta segunda-feira, em declarações à Lusa, o dirigente sindical, Clarimundo Baptista, disse que houve em fevereiro “uma adesão significativa” dos trabalhadores à greve.

“Há dois grupos, o de mestres e o de marinheiros. E, basta um mestre fazer greve para parar a embarcação“, assinalou o dirigente sindical, reiterando que o sindicato “nunca interrompeu as negociações” e está disposto a reunir com a empresa.

O dirigente sindical voltou a responsabilizar a administração e o gabinete jurídico da empresa pela atual situação de impasse.

“Já enviamos uma contraproposta. Mas, não assinamos propostas feridas de ilegalidades e que prejudicam os trabalhadores”, sustentou Clarimundo Baptista.

O Sindicato alega que a Atlânticoline “quer ocultar trabalho extraordinário”.

“Não podemos é ocultar que a empresa usa anualmente 700 horas a mais, quando a lei prevê no máximo 200 horas anuais. A situação não foi criada por nós. O problema chegou quando os trabalhadores pediram aumentos”, sustentou Clarimundo Baptista.