O Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), organização não-governamental (ONG) moçambicana, apelou esta segunda-feira ao governo para que reforce o apoio humanitário às vítimas da tempestade Ana que fugiram para o Maláui.

Falta quase tudo nos centros de acomodação abertos pelas autoridades do Maláui para acolher mais de 2.500 moçambicanos que abandonaram as suas casas nos distritos de Morrumbala e Mutarara devido ao transbordo do rio Chire”, refere em comunicado.

Deste a intempérie, entre 24 e 28 de janeiro, “os moçambicanos refugiados no Maláui permaneceram quase três semanas abandonados pelo governo de Moçambique”, que há cinco dias enviou ajuda, nomeadamente alguns alimentos.

No entanto, esse apoio é “insuficiente”, sublinha.

“A quantidade de produtos mobilizados pelo governo é de longe insuficiente para responder às necessidades”, diz o CDD, reclamando “assistência humanitária para todos os moçambicanos que se encontram em nove centros de acomodação”.

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“Além da falta de condições mínimas de sobrevivência, a situação das crianças que se encontram nos centros de acomodação começa a tornar-se preocupante uma vez que o ano letivo começou há praticamente um mês”, destaca.

“Centenas de crianças estão privados do direito à educação”, sublinha o CDD.

A ONG considera igualmente necessário criar condições para o regresso de toda a população deslocada a Moçambique “assim que o nível das águas baixar nas suas zonas de origem”.

Questionado pela Lusa, o Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) anunciou na quarta-feira o envio de apoios e de uma equipa para aferir a situação no Maláui.

Pelo menos 116 pessoas morreram na passagem da tempestade tropical Ana por Madagáscar, Moçambique e Maláui, 25 das quais no país lusófono, de acordo com os dados da organização das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários.

Tempestade Ana deve provocar mais insegurança alimentar do que o esperado

Em Moçambique, a tempestade atingiu as províncias da Zambézia, Nampula e Tete, tendo deixado 25 mortos e 22 feridos, além de ter destruído 13.600 casas e deixado mais de 140 mil pessoas desalojadas.