Uma equipa da Universidade de Coimbra lidera um projeto que visa cartografar todas as traduções portuguesas da obra do escritor e filósofo Voltaire, desde o final do século XVIII até à contemporaneidade, avança aquela instituição.

Numa nota de imprensa, a Universidade de Coimbra refere que este projeto irá lançar bases para a criação de uma rede internacional de estudos da cartografia “de um dos maiores símbolos do iluminismo francês”.

Coordenado pela catedrática Marta Teixeira Anacleto, do Centro de Literatura Portuguesa (CLP) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), o projeto “Cartografar Voltaire em Portugal e na Literatura Portuguesa” adota uma metodologia inovadora de investigação, no domínio das cartografias literárias/culturais e reúne duas dezenas de investigadores de várias universidades do país, incluindo Madeira e Açores, e também um conservador do museu Voltaire da Biblioteca de Genebra, na Suíça.

Participam neste trabalho um grupo de conselheiros científicos constituído por especialistas das universidades de Paris-Sorbonne e de Rouen, em França, e da Fundação Voltaire da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

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Há inúmeras traduções portuguesas da obra de Voltaire — ficção narrativa e dramática, épica, ensaios filosóficos e políticos — que foram produzidas desde o final do século XVIII até à contemporaneidade. É um espólio valiosíssimo que está por avaliar e por estudar”, afirma Marta Teixeira Anacleto, citada na nota de imprensa.

A cientista explica que este projeto visa “fazer o levantamento e a avaliação de todas as traduções portuguesas do autor, um dos maiores filósofos do iluminismo francês, e também do iluminismo europeu, porque Voltaire foi um escritor que viajou e que semeou as suas doutrinas sobre a tolerância, igualdade e fraternidade por toda a Europa”.

A equipa já efetuou o levantamento das traduções portuguesas existentes e vai iniciar agora a fase da cartografia.

Segundo a nota, as traduções vão ser agora analisadas no âmbito dos vários contextos — histórico, literário, cultural e político — em que foram produzidas e editadas.

Marta Teixeira Anacleto considera que a obra de Voltaire é “fundamental na estruturação do pensamento ocidental”, o que justifica, desde logo, a “relevância” assumida por “um estudo completo de todas as traduções, quer para estudiosos da literatura e cultura portuguesas, quer para investigadores associados à historiografia, à história das ideias e do livro, e mesmo para o público em geral”.

Depois da cartografia será criada uma base de dados interativa e de acesso aberto que terá associada uma antologia digital comentada e um volume de estudos temático.

Uma vez terminados a base de dados interativa, a antologia e o volume de estudos, o objetivo é “avançar para a criação de uma rede de estudos da cartografia de Voltaire no mundo”.

“Estamos a estabelecer sinergias, de modo a ter, no futuro, uma rede com projetos conexos existentes, por exemplo, na Alemanha, França, Holanda, Hungria, Itália, Reino Unido, Rússia, China e Japão, com o objetivo de estabelecer uma cartografia europeia/mundial de Voltaire”, concluiu.