O município de Cascais lançou esta quarta-feira uma campanha de apoio ao povo da Ucrânia que prevê o abastecimento de bens, o resgate e o acolhimento de refugiados no concelho, disse à agência Lusa o presidente da Câmara.

“Quero registar a forte onda de solidariedade que o povo português e novamente o povo de Cascais demonstra nestas horas difíceis. Portanto, é participar neste grande movimento de solidariedade“, sublinhou à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras (PSD).

O autarca referiu que a campanha “SOS Ucrânia”, que arrancou esta quarta-feira, tem como objetivos abastecer o povo ucraniano, resgatá-lo nas fronteiras com a Polónia e Roménia e acolhê-lo no concelho de Cascais, distrito de Lisboa.

“Para já vão avançar duas equipas, uma para a Polónia e outra para a Roménia, de modo a preparar o próprio resgate de refugiados e para fazer os contactos para entrega dos bens que estão a ser doados aqui em Cascais. A recolha já está a decorrer”, explicou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Relativamente ao resgate dos refugiados, Carlos Carreiras referiu que o seu transporte poderá ser feito por avião, comboio ou por autocarros, alugados pela autarquia.

“Estas equipas vão preparar várias alternativas para resgatar os refugiados, quer seja de comboio, avião ou autocarros que poderão ser alugados lá ou colocados pela Câmara. Portanto, é toda uma componente logística que é pesada e em alguns casos complexa”, apontou.

O autarca adiantou ainda que o município está a preparar soluções de alojamento provisório para os eventuais refugiados ucranianos que cheguem a Portugal, tendo, numa primeira fase, capacidade para acolher até 300 pessoas.

“Estamos a preparar alojamentos para acolhimento, que se pressupõe ser provisório. Lançaremos a seguir uma campanha para as famílias de Cascais que estejam disponíveis para acolher famílias ucranianas que são, essencialmente, formadas por mães e filhos já que os pais ficaram na Ucrânia a lutar pelo país”, apontou.

Carlos Carreiras disse também que, paralelamente, o município de Cascais está a criar equipas para dar apoio psicológico e apoiar nas questões burocráticas, estando ainda a trabalhar junto dos empresários e empresas para o futuro apoio aos refugiados.

“Também temos ofertas de empresários e de empresas, nomeadamente hotéis do concelho que estão disponíveis para acolher cidadãos ucranianos e dar-lhes emprego. Portanto, é tentar, de um momento para o outro, ter preparadas todas estas respostas”, sublinhou.

Entretanto, o município tem prevista para quinta-feira uma ação simbólica de apoio ao povo ucraniano e que consiste no hastear de uma bandeira gigante da Ucrânia (9metros por 6) junto ao Clube Naval de Cascais.

“Basicamente, é dar aqui mais uma manifestação aos ucranianos da forma como Cascais está solidário com eles e que lhes está a dar a forma que é possível dar. Como temos visto, algumas bandeiras ucranianas estão a ser derrubadas pelos invasores russos e esta simboliza, ao fim ao cabo, manter a bandeira ucraniana sempre ao alto”, sublinhou.

Carlos Carreiras adiantou que no concelho de Cascais vivem cerca de 600 cidadãos com nacionalidade ucraniana.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev.

Galp suspende compra de gasóleo russo. Medida terá impacto, mas empresa “não vai contribuir para financiar a guerra”

A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

Número de refugiados ucranianos sobe para 836 mil

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.