Salvador Agra preparava-se para entrar em campo para o último quarto de hora quando Bebeto ganhou a bola com o corredor direito todo pela frente, Rafael Barbosa voltou a abrir por fora, inventou espaço para um cruzamento rasteiro e Neto Borges apareceu disparado no centro da área a encostar para a baliza deserta do Mafra. O extremo festejou como se já estivesse em campo e só terminou mesmo nos braços do treinador Pako Ayestarán, numa euforia que contagiou todos os restantes suplentes. O Tondela era teoricamente melhor do que o Mafra, mostrou que era melhor do que o Mafra e teve também mais “estrelinha” do que o Mafra como em pormenores da substituição que estava para ser feita antes do 3-0. Mais: fez por tudo isso.

“Trabalhei com um treinador que me dizia que o destino é estar preparado para tudo, pelo que o desenrolar do jogo dirá o que podemos fazer. Podemos ter uma ideia da dinâmica pretendida mas só o jogo vai dizer se estamos preparados para ela. A verdade é que não podemos ter ansiedade, nem podemos cair no erro de que temos de solucionar o jogo nos primeiros 15 minutos”, tinha referido na antecâmara do encontro o espanhol, que à partida não considerava que existisse a possibilidade de ficar tudo resolvido num jogo.

“Nesta fase não há favoritos. Se o Mafra está aqui é porque foi competitivo e a prova é que eliminou o Moreirense e o Portimonense, pelo que temos de ter a humildade de reconhecer esse contexto, bem como ter a responsabilidade que este jogo implica porque, nesta altura, o dado mais importante é ser competitivo para arrecadar um resultado que acalente a esperança de chegar à final. Independentemente do que vai acontecer, se não houver uma catástrofe de nenhuma equipa, creio que não se vai solucionar nada aqui”, frisou.

Não foi propriamente uma catástrofe mas a eficácia falou mais alto e demonstra um resultado que não devia ser tão pesado para um Mafra que levou centenas de pessoas até terras beirãs e que merecia melhor sorte até em pormenores descritos tantas vezes como a tal “estrelinha” como o golo em cima do minuto 90 de Stevy Okitokandjo na pequena área que acabou por ser anulado por falta antes da impulsão sobre Ricardo Alves. Se a tarefa já era difícil, agora tornou-se quase impossível. E, neste caso sim, seria preciso uma autêntica catástrofe do Tondela em Mafra para impedir que os beirões carimbem (mais) um momento histórico.

Numa primeira parte marcada pelo equilíbrio e com os visitantes a terem boas chegadas à baliza de Niasse, Tiago Dantas fez o único golo até ao intervalo beneficiando de uma carambola após cruzamento da direita que o deixou sozinho para encostar ao segundo postes (38′). O cariz da partida manteve-se mas a meio do segundo tempo funcionou a importância das bolas paradas, com Manu Hernando a finalizar ao segundo poste da melhor forma um livre lateral da direita (66′). Neto Costa fechou as contas aos 75′, com o Tondela a viajar até Mafra daqui a mês e meio com uma vantagem quase decisiva para alcançar pela primeira vez na sua história a final da Taça de Portugal, onde poderá defrontar o FC Porto ou o Sporting.

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