Durão Barroso diz que “Putin não vai recuar no seu objetivo” nem “deixar-se impressionar pelas sanções mesmo que sejam mais fortes do que estava à espera, nem pelo isolamento da comunidade internacional” e acredita que o objetivo do Presidente russo possa ser “anexar parte da Ucrânia, a parte mais russófona, num cenário de divisão da Ucrânia com uma parte mais ligada à Polónia” a manter-se soberana. Sobre a posição da União Europeia nota que é nos momentos de “maiores crises que se dão passos” e frisa a “mudança essencial” na postura da Alemanha.

“Objetivo dele é amputar a Ucrânia de qualquer capacidade autónoma, torná-la parte do mundo russo, com um nacionalismo extremo e negando a existência da Ucrânia como soberana”, afirmou Durão Barroso em entrevista na CNN Portugal.

Sobre a eventual estratégia de Vladimir Putin, Durão Barroso considera que o Presidente russo é “mais um taticista que um homem com estratégia” e que “esta é uma guerra de uma pessoa, a guerra do senhor Putin” e não de um país.

No plano internacional, defende Durão Barroso que “nada será como dantes”. “Haverá um novo mundo depois de dia 24, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia”, afirma vendo também aí uma oportunidade para a União Europeia “dar mais um passo”.

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“É nestas crises que a identidade europeia dá passos em frente e vai dar passos para a identidade europeia de segurança e defesa. Perante uma China mais assertiva, uma Rússia mais agressiva, os europeus estão, pelo menos a nível das lideranças, a entender que têm de fazer mais nesse capítulo, dentro do quadro da NATO”, afirmou o ex-presidente da Comissão frisando ainda o papel da Alemanha.

“A Alemanha teve uma mudança essencial. É da maior importância geopolítica o que se está a passar. A Alemanha demora tempo a decidir, mas quando decide, decide mesmo. A Alemanha enviar material militar para uma zona onde há um conflito é [uma atitude] sem precedentes, por causa da história e da memória depois da Segunda Guerra Mundial”, lembrou Durão Barroso.

“Não levámos Putin a sério”, admite Durão Barroso, recordando o que o russo disse em 2014