Uma entrada a namorar a baliza, uma reentrada a casar com a baliza. Depois do empate na Madeira com o Marítimo para o Campeonato e da derrota em casa frente ao FC Porto para a Taça de Portugal, o Sporting regressou aos triunfos na receção ao Arouca. Mais do que isso, e quando faltava ainda meia hora para o final de uma partida que não teria mais golos, Alvalade mostrou mais uma vez os contornos de metamorfose que viveu ao longo dos últimos dois anos. Exatamente dois anos, o dia em que Rúben Amorim foi apresentado no hall VIP com Frederico Varandas a fazer uma declaração com várias “farpas” sem direito a perguntas. Em dia de eleições, todos os candidatos tinham um único ponto comum: o trabalho do técnico. Mas nem isso desvia o foco do comandante dos leões, que falou do que não correu bem nos últimos cinco encontros.

Slimani, a última promessa do presidente Amorim (a crónica do Sporting-Arouca)

“Como está o meu ego? Tenho plena noção do meu papel no Sporting, sou mais um. Isto muda rapidamente, nos últimos cinco jogos sem contar com este só tínhamos uma vitória e num clube como o Sporting isso é complicado. Tenho a mesma duração do que os outros treinadores nas vitórias. Tenho a plena noção disso. Penso sempre da mesma maneira, o meu ego está sempre igual. Fico feliz, estamos claramente a fazer as coisas bem mas temos de continuar porque isto pode mudar de um momento para o outro e temos de continuar a trabalhar”, comentou após o encontro na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

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Em 12 jogos frente ao Arouca, o Sporting somou outros tantos triunfos, voltando às vitórias naquele que foi o terceiro sucesso seguido em jogos do Campeonato em Alvalade sem sofrer golos, pressionando o FC Porto na antecâmara da deslocação a Paços de Ferreira. E o próximo encontro em Inglaterra frente ao Manchester City a contar para a Liga dos Campeões acabou por ser secundarizado perante o triunfo no Campeonato.

“Este era o jogo mais importante. Era mesmo muito importante, muito mais do que o City, sabemos que são mundos completamente diferentes. O Ugarte se jogasse de início e se se lesionasse era complicado porque já não temos médios centros. O Porro veio de lesão. É importante para os outros que percebessem que mesmo quando o treinador está apertado confia neles porque sempre fizemos esta gestão. Seria um pouco estranho se não o fizéssemos porque criaria alguma desconfiança no grupo. Eles sabem que todos contam. Foi sangue novo. Eles têm respondido sempre bem às derrotas, mesmo depois de vitórias ou empates. Não foi tão justo mesmo para um Vinagre ou para o Esgaio, metê-los todos ao mesmo tempo. Mas eles tiveram sempre um comportamento exemplar. Na segunda parte tivemos mais oportunidades e acabou por ser uma vitória normal. Duro ao intervalo? Foi o contrário disso, disse-lhes que compreendia antes de lhes dar na cabeça. No fim da primeira parte estavam a ser muito precipitados e não era preciso. O bruaá é normal a seguir a uma derrota, eu já estive nessa situação. Foi o contrário de uma conversa dura”, comentou o técnico.

Já Slimani, que já leva três golos e uma assistência no Campeonato neste regresso a Alvalade, marcou pela segunda jornada consecutiva, voltou a bisar quase seis anos depois com a saída para Inglaterra e a passagem por França pelo meio, tornou-se o argelino com mais golos na Primeira Liga à frente da lenda Rabah Madjer, e foi o primeiro a desbloquear um nulo ao intervalo de forma tão rápida desde… Mário Jardel.

“Fizemos um bom trabalho e é mais importante a equipa do que o Slimani. Foi muito justa a vitória pelo que fizemos em campo. O meu trabalho é marcar, os pontas de lança são para marcar golos, mas o mais importante é o Sporting. Titular? O mister é que decide, seja o Slimani ou Paulinho, que é um excelente avançado, o que interessa é vencer. Vai ser sempre jogo a jogo até ao final e o objetivo é vencer o próximo jogo. É essa a nossa mentalidade e vai ser sempre assim. O Sporting é um grande clube, seja campeão ou não. Gosto muito deste clube, é a minha casa e, fosse quando fosse, seria sempre bom voltar”, referiu.

Também Dário Essugo, que saiu ao intervalo pela questão do cartão amarelo (algo admitido pelo próprio Rúben Amorim), fez história ao tornar-se o jogador mais novo de sempre a ser titular num jogo a contar para o Campeonato do Sporting, superando nesse particular Luís Figo e ficando como o segundo mais novo de sempre titular numa partida oficial dos verde e brancos, neste caso apenas atrás de Paulo Torres.

“Acho que as oportunidades têm de ser aproveitadas e foi isso que fiz, sempre com muito trabalho, com muita dedicação e agora só tenho de continuar porque ainda há muito caminho, este é só mais um passo e mais um momento de aprendizagem. Tenho de agradecer aos meus colegas da equipa B e aos técnicos que sempre trabalharam comigo nestes tempos e isto é um trabalho de tudo, da minha família e dos psicólogos. Titular aos 16 anos? Esta é a vida que escolhi, é aquilo que gosto de fazer e aproveito cada momento para aprender porque um dia vou ser como eles e viver isto com esta idade faz-me ver mais à frente e isso é muito bom. Sou um privilegiado por estar a viver isto… Luís Figo? Foi uma lenda, claro… Mas é para continuar a trabalhar, agora é por aí”, destacou em declarações à Sporting TV após o encontro.