A derrota do FC Porto em Paços de Ferreira em outubro de 2020 já leva quase um ano e meio mas nem por isso Sérgio Conceição se esqueceu do que se passou nessa partida, a começar pela indisponibilidade de Pepe por um teste inconclusivo à Covid-19 que não se viria depois a confirmar e a passar por todos os problemas defensivos que motivaram os três golos sofridos para a derrota. O que o treinador dificilmente poderia saber, embora tivesse esse registo como objetivo, era que nunca mais voltaria a perder para o Campeonato a partir desse momento. E, ao todo, já são 53 encontros seguidos sem derrotas coroados com mais um triunfo.

Vitinha, um maestro que até toca sem instrumento (a crónica do P. Ferreira-FC Porto)

No regresso às vitórias depois do empate caseiro com o Gil Vicente, o FC Porto igualou a segunda maior série de sempre do clube sem desaires que pertencia a Bobby Robson nos anos 90 e está apenas a dois jogos de igualar também a mais longa da história dos azuis e brancos, entre André Villas-Boas e Vítor Pereira (sendo que o registo máximo no plano nacional pertence ao Benfica com 56). Em paralelo, os azuis e brancos, que voltaram a marcar dois golos na primeira parte em Paços de Ferreira como já não acontecia desde 2003/04 e que pela primeira vez conseguiram fazer quatro golos na Capital do Móvel, conseguiram chegar aos 18 jogos consecutivos sem perder na presente temporada, superando os registos dos últimos três anos.

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Depois do triunfo do Sporting frente ao Arouca, o FC Porto conseguiu voltar aos seis pontos de vantagem na liderança do Campeonato somando o décimo sucesso seguido fora de portas, algo que só tinha feito mais três vezes em termos históricos – com a particularidade de chegarem à 11.ª falhando depois a 12.ª. E se Evanilson e Taremi continuam a somar golos e assistências, foi o jogo de Vitinha que voltou a estar em foco.

“É verdade, é normal que as pessoas vejam esses momentos que o Vitinha faz assistências ou recupera a posse para iniciar as jogadas que depois são concluídas em golo. Está num bom momento. Mas esse trabalho que ele tem vindo a fazer tem tido uma evolução fantástica sobretudo quando tem bola. Com bola é um jogador fabuloso, com uma técnica e uma qualidade fantástica, melhorou no passe mais longo, no timing de soltar a bola. Neste momento, parece-me um médio completo. É dos jogadores que recupera mais bolas, dos que entram mais no momento defensivo, aliando isso à qualidade técnica, temos um jogador que enche o campo. Não nos podemos é esquecer daquilo que é o trabalho do Matheus [Uribe] e do Otávio jogando hoje mais por dentro também. Naquilo que foi a nossa pressão mais alta, deixámos os centrais sair mais com bola, correu bem porque partimos com perigo aproveitando esse espaço deixado pelo P. Ferreira. Pena é os erros que cometemos naquilo que somos fortes”, começou por dizer na flash interview da SportTV.

“Parece-me redutor dizer que o mérito foi só a partir do momento em que entramos bem no jogo. Entrámos bem, é um facto, mas continuámos bem na partida toda. Houve momentos que direi brilhantes, sobretudo na nossa dinâmica em posse, na variedade de movimentos e no controlo no meio-campo ofensivo. Na parte da defesa há um ou outro erro que me custa aceitar e não estou a falar de um jogador apenas, estou a falar de erros coletivos no nosso momento defensivo. Foi um jogo positivo, com momentos brilhantes da nossa equipa”, prosseguiu sobre o encontro, antes de abordar também os golos sofridos sem individualizar.

“Quando há jogadores que fazem golos, não gosto de dar os golos aos jogadores mas sim à equipa e aqui é igual. Olhamos sempre para o guarda-redes ou para o jogador que foi batido, eu gosto de olhar para o início da jogada e perceber onde estão os erros. Coletivamente, não estivemos tão bem a nível defensivo”, frisou. “Acho que ganhámos alguma consistência com uma ou outra nuance que colocámos no processo ofensivo. O Pepê está muito bem, o Otávio obviamente que se sente bem pelo meio e o Taremi cria perigo desde a ala. Sabemos que o Uribe é extremamente inteligente e isso permite-nos ter uma ou outra nuance no momento ofensivo, algo que nos deixa ainda mais confortáveis”, acrescentou sobre o momento da equipa.