O Presidente da Venezuela anunciou esta terça-feira que vai restabelecer o diálogo com a oposição, suspenso desde outubro de 2021, para facilitar a recuperação económica e contribuir para a estabilidade do país.

“Decidimos reativar o processo de diálogo nacional com todos os setores políticos, económicos e religiosos do país. Vamos reformatar o processo de diálogo nacional, [para que seja] mais inclusivo e mais amplo”, disse esta terça-feira Nicolás Maduro.

O chefe de Estado falava à televisão estatal venezuelana após uma reunião de trabalho com o Estado-Maior, os vice-presidentes venezuelanos e o ministro das Relações Exteriores, Félix Pasencia, que ocorreu no palácio presidencial de Miraflores.

“Este diálogo deve prover todas as garantias políticas para os próximos anos (…). Vamos dinamizar o processo de diálogo político para um encontro com todos os setores”, frisou Nicolás Maduro.

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O Presidente da Venezuela referiu-se ainda à visita, durante o fim de semana, de uma delegação norte-americana a Caracas, para falar de temas energéticos, que considerou ter sido “cordial e muito diplomática”.

Sem avançar com detalhes sobre os temas que foram abordados, explicou que esteve acompanhado, na reunião, pelo presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e pela primeira-dama, Cília Flores.

Chegámos a um acordo para trabalhar numa agenda para o futuro. Achei muito importante falar cara a cara sobre questões de interesse para a Venezuela e para o mundo”, sublinhou.

Nicolás Maduro manifestou-se ainda preocupado com a possibilidade de que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia desencadeie numa guerra que envolva toda a Europa e se expanda pelo resto do mundo.

Em 17 de outubro de 2021, o Governo venezuelano suspendeu as negociações com a oposição, que decorriam desde agosto de 2021 no México, com a mediação da Noruega.

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A suspensão ocorreu um dia após a extradição, de Cabo Verde para os Estados Unidos, do empresário colombiano Alex Saab, considerado um testa-de-ferro de Maduro.

Em 28 de fevereiro, Nicolás Maduro denunciou falhas e aberrantes desvios no processo judicial a correr nos EUA contra Alex Saab.

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“A sua imunidade diplomática, os seus direitos humanos e a sua própria integridade física foram cruel e sistematicamente violados. O seu processo num tribunal norte-americano está cheio de graves falhas e distorções aberrantes”, disse o governante.

Alex Saab, de 49 anos, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA.

Saab viajava para o Irão em representação da Venezuela, com passaporte diplomático, enquanto enviado especial do Governo venezuelano.

A sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do Presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, que alega as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.

Washington pediu a sua extradição, acusando-o de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.

Em 16 de fevereiro último, Portugal inclui-se entre duas dezenas de signatários, juntamente com Estados Unidos e a União Europeia, de um apelo para que sejam retomadas urgentemente as negociações na Venezuela entre o Governo do Presidente Nicolás Maduro e a oposição.