Há duas realidades que se aliam para formar um novo tipo de tragédia, em termos de indústria automóvel: a produção de chips necessita de néon que, neste caso, vê 90% das necessidades serem asseguradas pela Ucrânia. Sucede que esta fonte está de momento interrompida.

Já sabemos que os ucranianos fornecem a indústria automóvel alemã com as cablagens de que necessitam para produzir os seus veículos. Mas se aqui são sobretudo os grupos BMW, Mercedes e Volkswagen a sofrer, a Ucrânia é ainda mais necessária para a indústria dos chips, que alimenta os alemães e todos os outros, europeus e não só.

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O néon é um gás nobre, praticamente inerte, e se o conhecemos como a alma da iluminação nos tubos de vácuo das lâmpadas, ou como refrigerante em estado líquido, ele é igualmente necessário para a fabricação de chips. O “pormenor” que torna tudo isto mais actual e mais grave é que são as fábricas ucranianas a assegurar 90% do néon com a qualidade exigível para assistir à produção de chips. Logo, a sua falta vai afectar ainda mais as necessidades da indústria automóvel, que sem estes semicondutores não conseguem fabricar automóveis.

Esta não é a primeira vez que os russos “mexem” com o abastecimento de néon. Já em 2014, quando Putin invadiu a Crimeia, o valor do néon subiu 600%. Isto numa fase em que os ucranianos forneciam apenas 70% do néon aos fabricantes de chips. Hoje, com 90%, o problema só pode ser mais grave.

Os governos norte-americano e japonês já exigiram que os seus fabricantes de chips reagissem à falta do gás, encontrando novas fontes de abastecimento. Curiosamente, o néon é um subproduto da produção de aço, que os russos produzem em quantidade, para depois enviarem esse gás para a Ucrânia, onde é processado e purificado, para conseguir o néon.