O segundo classificado da Premier League (com menos um jogo), o segundo classificado da Serie A (com menos um jogo), duas realidades completamente distintas que já traziam uma separação de 2-0 do Giuseppe Meazza na primeira mão. Porque de um lado estava um Liverpool numa série de 12 vitórias consecutivas em várias competições assumindo que a final da Taça da Liga foi ganha nos penáltis, que tem uma nova alma depois de depender apenas de si para poder ganhar a Premier League e que atravessava de longe o melhor momento da época. Porque do outro lado estava um Inter numa série de um triunfo em seis jogos, que perdeu a liderança do Campeonato, que não foi além do empate sem golos na primeira mão da meia-final e que em alguns momentos parece não ter a profundidade de plantel para tantas competições.

Tira 20, mete 9, lança o 23, aposta no 11, feito: Klopp preencheu o sudoku em San Siro (a crónica do Inter-Liverpool)

No entanto, nem mesmo assim Jürgen Kloppp facilitou. Henderson até começou do banco tal como Naby Keita, numa rotatividade no meio-campo que se tempo tornada cada vez mais habitual na equipa, mas em tudo o resto o Liverpool apresentou-se sem poupanças e com Diogo Jota como titular. Do lado do Inter, sem o indiscutível Barella, um pouco mais de tração à frente com Vidal e Çalhanoglu mas com mais mobilidade no ataque com Alexis Sánchez ao lado de Lautaro Martínez com Dzeko no banco. No final, o que ganhou ficou com sabor de derrota, o que perdeu chegou aos quartos da Champions e a primeira derrota em Anfield do Liverpool na presente temporada entre três bolas nos postes não beliscou o apuramento.

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Para quem esperava um jogo mais aberto perante a necessidade de marcar do Inter, não foi um início que prometesse muito. Intenso, disputado a meio-campo, sem grandes oportunidades a não ser de bola parada e todas para o conjunto inglês: Van Dijk cabeceou primeiro fraco e à figura de Handanovic (15′); Matip acertou na trave também de cabeça (30′); Van Dijk voltou a chegar mais alto mas o desvio bateu num adversário e voltou a sair (32′). Da parte dos italianos, numa metade inicial marcada pela interrupção no jogo para assistir um adepto que se sentiu mal na bancada, Hakan Çalhanoglu teve o lance de maior perigo também na sequência de um livre lateral batido na direita sem desvio para defesa atenta de Alisson (40′).

O intervalo chegou sem golos mas com Alexander-Arnold, no sétimo minuto de descontos, a atirar de livre direto a rasar o poste da baliza de Handanovic. E esse acabou por ser quase o mote para uma entrada muito mais forte do Liverpool, que no arranque do segundo tempo dominou por completo a partida, jogou quase sempre no meio-campo do Inter e voltou a acertar por Salah, numa recarga na área após lance em que Diogo Jota não chegou a tempo de bater Handanovic (51′). No entanto, tudo mudou em dois minutos. Para um lado e para outro. E foi esse momento que marcou não só o resultado final mas também a eliminatória.

Já depois de uma grande saída pela esquerda de Perisic que não teve depois a melhor finalização, num tiro de Lautaro Martínez que desviou ainda num defesa contrário, o Inter conseguiu mesmo fazer o 1-0 num lance de génio em que recebeu de fora da área, ganhou espaço e rematou ao ângulo da baliza de Alisson (61′). A eliminatória voltava a estar em aberto mas, logo a seguir, os transalpinos sofreram um rude golpe com o segundo amarelo a Alexis Sánchez por falta sobre Fabinho, que deixaria a equipa reduzida a dez até ao final do encontro (63′). Se o segundo golo já seria complicado, a partir daí tornou-se impossível. E ainda foi de novo Salah, descaído sobre a esquerda, a acertar mais uma vez no poste da baliza de Handanovic…