A Agência Internacional de Energia Atómica foi informada sobre a Central Nuclear de Chernobyl ter ficado sem ligação a uma rede de energia elétrica mas “não vê um impacto crítico na segurança”, resultante desse blackout energético.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atómica, o blackout energético na central nuclear “viola um pilar básico de segurança: garantir um fornecimento de energia ininterrupto” a centrais deste género. Os riscos da atual situação são, no entanto, diminutos.

A posição da agência contraria os argumentos proferidos previamente pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, que tinha afiançado pouco antes que no prazo de 48 horas poderiam existir “fugas de radiação iminentes” na Central Nuclear de Chernobyl. “A guerra bárbara de Putin”, dizia ainda Kuleba, podia pôr “toda a Europa em risco”.

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O aviso de Dmytro Kuleba era feito depois de duas empresas estatais de energia e energia atómica da Ucrânia terem reportado que a central nuclear de Chernobyl ficara sem fonte de energia elétrica, tendo sido totalmente desligada da rede energética. As duas empresas em questão tinham avisado ainda para o risco de uma “descarga nuclear” e de propagação de doses perigosas de radiação, riscos posteriormente desvalorizados pela Agência Internacional de Energia Atómica.

Também uma académica britânica, Claire Corkhill, da Universidade de Sheffield, viera já contestar os riscos de um grande acidente nuclear ou de fugas de radiação a curto prazo neste contexto. Em declarações à BBC, Corkhill defendera que apesar das atuais condições da central nuclear poderem originar um “vapor radioativo”, este ficará à partida contido no interior do edifício: “Não creio que isto possa levar a uma libertação de radioatividade. Demoraria muito tempo [até que isso pudesse acontecer]”.

Risco de propagação de “nuvem radioativa”, dizia Energoatom

Os piores cenários começaram por ser avançados na conta oficial de Facebook da Ukrenergo, empresa energética estatal da Ucrânia. Na nota informativa, a Ukrenergo garantia: “Devido às ações militares dos ocupantes russos, a central nuclear de Chernobyl foi inteiramente desconectada da rede elétrica. A estação nuclear está neste momento sem qualquer fonte de alimentação energética”.

Posteriormente, também a empresa estatal ucraniana de energia atómica Energoatom avançava a mesma informação, alertando que o combustível ali armazenado requeria refrigeração constante. E essa refrigeração exigia, por sua vez, energia elétrica.

Caso a situação não se alterasse, existiria um risco de “descarga nuclear” e de libertação de substâncias radioativas, sendo que “o vento” poderia “transferir uma nuvem radioativa para outras regiões da Ucrânia, Bielorrússia, Rússia e Europa”, indicava ainda a Energoatom. Receios que não se confirmarão.

Todas as pessoas que estivessem nas proximidades poderiam “receber uma dose perigosa de radiação”, dizia ainda a empresa. “Os combates continuam, o que torna impossível proceder a reparações e restaurar a energia” na central nuclear.

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Nota – Artigo atualizado às 15h25 com a reação da Agência Internacional de Energia Atómica