Nem a tradição valeu. Até esta quarta-feira, o FC Porto tinha perdido apenas uma vez em casa com equipas francesas e o Lyon, entre os dois desaires que acumulava, não tinha sequer marcado golos. Esta noite, não só marcou por Lucas Paquetá como ganhou. Mais do que isso, conseguiu mesmo deixar o ataque dos dragões em branco, algo que, excluindo a eliminatória com o Chelsea nos quartos da Champions que foi disputada em Sevilha, já não acontecia há um ano, quando o Sporting conseguiu segurar um nulo para o Campeonato.

Quando a cabeça não tem juízo, Uribe é que paga (a crónica do FC Porto-Lyon)

Com isso, o conjunto de Sérgio Conceição voltou a perder um jogo após uma série de 18 encontros com 15 vitórias e três empates entre Campeonato, Taça de Portugal e Liga Europa, algo que não acontecia desde o desaire que fez cair os azuis e brancos da Champions da presente temporada. Ainda assim, e dentro de todas as dificuldades que terá pela frente, o FC Porto encontra na história um bom exemplo de viragem da eliminatória, por sinal o único que conseguiu nas provas europeias após uma derrota por 1-0 na primeira mão em casa: em 2003, na caminhada da equipa de Mourinho rumo à vitória na final de Sevilha (que terá o jogo decisivo esta época) frente ao Celtic, quando os dragões bateram o Panathinaikos por 2-0.

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“Foi um jogo equilibrado, criámos quatro ou cinco ocasiões de golo, o Lyon também criou três ou quatro e num lance que parecia inofensivo acabou por fazer o golo. Nós também fizemos, um anulado e um penálti que foi depois revertido. Não fomos tão pressionantes e percebia-se também por estratégia porque fizemos uma abordagem ao jogo ligeiramente diferente do que somos, a recuperação de bola foi um pouco mais baixa do que é normal, era preciso fazer muitos metros para ir à área adversária e aí notou-se os dois dias de descanso que o adversário teve. Não é uma desculpa, são factos, mas o próximo será diferente porque ainda estamos a meio da eliminatória. Há outro jogo para ganhar”, começou por referir o técnico dos azuis e brancos na zona de entrevistas rápidas da SportTV, antes de falar da segunda mão e de Pepe, que logo no primeiro minuto chocou com Lucas Paquetá, foi assistido, jogou ligado mas teve de sair ao intervalo.

“Vou analisar agora tudo com os jogadores, olhar para este jogos, definir a melhor estratégia e o melhor onze para o jogo com o Tondela para ganhar. Isso é que é importante agora. Lyon é depois mas penso que vai ser diferente. O Lyon é uma boa equipa, tem qualidade, não vou em cantigas de olhar para a classificação porque têm muito mais qualidade individual e coletiva do que mostra, tem algumas fragilidades que podíamos ter explorado melhor se tivéssemos outra definição. Os jogadores tentaram ao máximo, dentro de um jogo equilibrado o resultado justo era o empate mas acredito que vamos conseguir virar. Estamos aqui à procura dos golos para ir lá virar a eliminatória. Confiante? Sim, claro que sim, teremos uma palavra a dizer. Pepe? Ainda não sei como está, foi para o hospital, não sabemos a gravidade. Como grandíssimo campeão e lutador que é ficou até ao intervalo mas era uma ferida muito feia, vamos avaliar amanhã. A entrada do Rúben Semedo em vez do Fábio Cardoso no lugar dele foi uma opção, apenas isso”, completou.

Mais tarde, o clube fez uma atualização do boletim em relação ao central e capitão. “Pepe foi submetido a uma pequena cirurgia devido uma ferida corto-contusa na zona frontal da cabeça”, explicou.

Também Vitinha, que voltou a ser um dos melhores do FC Porto, admitiu sem querer utilizar isso como uma desculpa que a parte física teve o seu peso mas destacou as hipóteses em aberto na eliminatória.

“Houve oportunidades para os dois lados, concentrámo-nos em nós próprios, criámos lances suficientes para sair daqui com outro resultado. Fizemos por isso. Infelizmente não conseguimos. Talvez não tenha sido o nosso dia, com um penálti tirado pelo VAR e com um golo anulado. Deixámos tudo em campo e há uma segunda mão para resolver a eliminatória. Temos muitos argumentos para ganhar em Lyon. Penálti anulado? Se o árbitro tirou através do VAR, é porque achou que era a melhor decisão”, referiu Vitinha.

“O cansaço existe, não vamos negar mas não vamos usar como desculpa. É o custo de estar em todas as competições e trabalhar para ganhar em todos jogos. É difícil. Temos de fazer o máximo para recuperar bem e temos profissionais que nos recuperam da melhor maneira para estar prontos a ganhar”, acrescentou.