O blogger e ativista saudita Raif Badawi foi libertado ao fim de dez anos na prisão por ter defendido o fim da influência da religião na vida pública na Arábia Saudita, onde cumpriu a pena.

“O Raif telefonou-me, está livre”, declarou esta sexta-feira, muito comovida, a sua mulher, Ensaf Haidar, citada pela agência noticiosa francesa AFP.

A notícia foi confirmada por um responsável da segurança saudita, a coberto do anonimato: “Sim, ele foi libertado hoje [esta sexta-feira]”, indicou esta fonte, sem fornecer mais pormenores.

O antigo laureado com o prémio Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para a liberdade de imprensa foi condenado no final de 2014 a dez anos de prisão e a 50 chicotadas por semana durante 20 semanas por “insulto ao Islão”.

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Na altura, Badawi, agora com 38 anos, tornou-se mundialmente um símbolo da liberdade de expressão.

A mulher e os seus três filhos, que se tornaram cidadãos canadianos, residem no Quebeque. Ensaf Haidar luta desde há anos pela libertação do marido e para que ele possa reunir-se com a família no Canadá.

“Raif Badawi, defensor dos direitos humanos na Arábia Saudita, foi finalmente libertado!”, escreveu a Amnistia Internacional (AI) Canadá na rede social Twitter, dizendo tratar-se de uma “notícia tão esperada”.

“Milhares de vós se mobilizaram juntando-se a nós na defesa de Raif Badawi durante dez anos. Um grande obrigado a todas e a todos pelo vosso apoio incansável”, acrescentou a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos.

Para Colette Lelièvre, da Amnistia Internacional Canadá, a libertação de Badawi é “um grande alívio”.

“Ensaf ficou sem palavras, porque foi muito repentino. Ela trabalhou tanto para libertar o marido, que foi dominada pelas emoções”, disse a responsável da AI esta sexta-feira, depois de falar com a mulher de Raif Badawi.

A Amnistia recorda que o blogger saudita continua, no entanto, sujeito à proibição de abandonar o país durante dez anos, após cumprida a pena de prisão.

O Quebeque abriu caminho ao exílio de Raif Badawi para o Canadá, colocando-o numa lista prioritária de potenciais imigrantes por razões humanitárias.