Há uma mudança clara da curva da pandemia. Se, nas últimas semanas o número de infetados estava em queda, o relatório semanal que monitoriza as linhas vermelhas da pandemia de Covid-19 revela uma inversão da tendência. A atividade epidémica é de intensidade muito elevada, prevendo-se uma subida dos diagnósticos positivos nos próximos dias, segundo o documento elaborado pela Direção Geral de Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
A análise dos diferentes indicadores, lê-se no documento, revela uma atividade epidémica “de intensidade muito elevada, com inversão da tendência decrescente que vinha a observar-se nas últimas semanas”. Por isso, pode “esperar-se um aumento da incidência à semelhança do observado em alguns países europeus”. A taxa de incidência foi de 1.449 casos por 100 mil habitantes a 14 dias (tendência estável), enquanto o R(t) apresenta um valor inferior a 1 a nível nacional (0,99), muito embora seja superior a 1 em todas as regiões, menos no Norte.
Pelo contrário, o número de doentes internados em Unidades de Cuidados Intensivos está em queda, correspondendo a 27% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas. Na semana anterior o valor era de 35%.
Até que ponto é que a inversão no número de infetados pode afetar os serviços de saúde? A resposta ainda não é clara, dependendo, em parte, da imunidade conferida aos portugueses pela campanha de vacinação. “A magnitude do impacto nos serviços de saúde e na mortalidade da inversão da incidência é ainda incerta, dependendo do nível de imunidade da população e da incidência nos grupos mais vulneráveis.”
O sistema de saúde português, defende a DGS e o Insa, “apresenta capacidade de acomodar o aumento de procura” por doentes Covid. Apesar disso, a recomendação é para manter as medidas de proteção individual que ainda se encontram em vigor, assim como a vacinação de reforço.
Olhando para a incidência por faixas etárias, a tendência é crescente nos grupos etários entre os 10
e os 29 anos de idade, é decrescente entre os menores de 10 anos e revela uma tendência estável nos restantes grupos etários. A maior taxa de incidência é entre os 10 e os 19 anos de idade.
O documento dá ainda conta de que a mortalidade específica por Covid-19 foi de 33,3 óbitos em 14 dias por milhão de habitantes — apesar de estar a descer, é um número que ainda “corresponde a um impacto elevado da pandemia”, de acordo com os limites definidos.
Se a mortalidade desce, os testes positivos sobem. Apesar de haver uma diminuição no número de testes feitos, a positividade foi de 20,1% (proporção de testes positivos), uma subida significativa em relação à semana anterior, quando o valor era de 13,5%.
Quanto às variantes, a Ómicron continua a ser a que domina as infeções em Portugal. Dentro desta variante, a linhagem BA.2 tem um peso cada vez maior — 79,4% à data de 10 de março de 2022 — enquanto que a linhagem BA.1 fica nos 20,6%, com tendência decrescente.
Já a variante Delta, a que mais mortes por Covid fez no país, desapareceu. No relatório anterior a sua presença era residual (0,2%), agora é de 0%.