Enquanto milhares de pessoas continuam a fugir da Ucrânia para a Polónia, as principais cidades polacas, incluindo Varsóvia, avisam que chegaram à capacidade limite para receber e ajudar as pessoas que chegam a pedir ajuda.

Varsóvia já acolheu 200.000 refugiados, desde o início da invasão da Ucrânia. Uma em cada 10 pessoas na capital polaca são deslocados ucranianos. Milhares continuam a chegar todos os dias. Agora, o autarca da capital polaca avisa que “nem a cidade, nem o governo conseguem aguentar esta vaga de refugiados que vêm da Ucrânia”, e pede por isso um sistema “europeu e internacional de ajuda”.

Helena Krajweska é voluntária da Polish Humanitarian Action, vive em Varsóvia, onde é uma das muitas ativistas que está a prestar assistência aos milhares de refugiados ucranianos. Ao Observador descreve uma cidade saturada, seja em “terminais de autocarros ou estações de comboios, está tudo cheio de pessoas que estão à espera de transporte ou de alojamento“.

Quase todas as pessoas que conheço estão a receber ou já receberam alguém nas suas próprias casas, ou estão a ajudar nos centros de recepção. O que posso dizer é que toda a Varsóvia está envolvida para receber os nossos convidados da Ucrânia.

Na capital polaca, milhares de crianças ucranianas já começaram a escola, milhares de pessoas já conseguiram uma casa e emprego. Mas a cidade “precisa de mais ajuda para lidar com um número tão grande de novas chegadas”, até porque as necessidades de uma população refugiada são muitas, incluindo o acesso a serviços de saúde, o apoio psicológico e o apoio legal.

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“Ninguém na Polónia vai enviar refugiados de volta à Ucrânia”

Varsóvia diz que não consegue receber mais refugiados. Helena Krajweska reconhece as dificuldades de uma cidade “sufocada”, mas rejeita que a principal cidade da Polónia feche as portas a refugiados ucranianos. “Ninguém na Polónia vai enviar refugiados de volta à Ucrânia. Ninguém.”

Para a voluntária, a resposta tem que passar por realojar quem deixou tudo para trás na Ucrânia, noutras cidades na Polónia, “mais pequenas ou que fiquem a Norte ou a Oeste”, para inverter a tendência que a maioria de pessoas tem de “escolher ir para as grandes cidades, ou ficar junto à fronteira estes lugares estão saturados”.

Mas as cidades não o podem fazer sozinhas. “Temos a certeza de que a Polónia não pode lidar com esta crise sozinha”, admite a voluntária ao Observador, “nenhum dos países que faz fronteira com a Ucrânia o consegue fazer sozinho, mas sabemos que a ajuda está a chegar e que não estamos sozinhos“. Apesar do “enorme fardo” com que os polacos foram encarregados, Helena olha para o futuro de forma “otimista”.

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A jovem voluntária diz que esta é uma crise sem paralelos. “É a maior crise de refugiados que já vi, é a que está a crescer de forma mais rápida, na Europa, desde a II Guerra Mundial”. Os polacos têm noção de que as pessoas vão continuar a chegar, desde que o conflito continue e que por isso vão continuar “preparados para ajudar as pessoas que chegam à nossa fronteira”.

Helena Krajweska fala numa cidade “saturada” a enfrentar um “enorme fardo”, mas sem perder a confiança na ajuda internacional “que está a chegar”. Afasta por isso que Varsóvia esteja “num ponto de rutura” até porque toda a cidade “está envolvida para receber refugiados”. Questionada sobre quanto tempo a cidade vai continuar a conseguir acolher refugiados admite que é uma pergunta impossível de responder. Mas tem esperança: “A Polónia já provou no passado a sua resiliência em situações de crise, vamos esperar pelo melhor desta vez também”.