Os 111 migrantes resgatados em várias operações realizadas no Mediterrâneo central pela organização humanitária Médicos Sem Fronteiras, que aguardavam um porto há nove dias, foram esta segunda-feira autorizados pelas autoridades italianas a desembarcar, na Sicília.

“A espera acabou. Os 111 sobreviventes [que foram acolhidos pelo navio da organização] ‘Geo Barents’ podem desembarcar em Augusta (Sicília), onde esperamos que recebam a assistência e os cuidados médicos de que precisam”, anunciou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) nas redes sociais.

Entre os resgatados estão 54 menores, o mais novo dos quais é um bebé de 4 meses, e muitos dos migrantes foram resgatados em grave estado de hipotermia, depois de terem caído ao mar, sendo que alguns sofreram ainda queimaduras significativas por causa do combustível.

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O primeiro resgate foi feito a 5 de março, quando um bote de borracha foi encontrado à deriva, com 80 pessoas a bordo, sete das quais precisavam de tratamento para queimaduras, depois de terem passado várias “horas submersos em água salgada misturada com combustível”, explicou a MSF.

O segundo resgate foi feito na noite de 6 de março, em plena escuridão, com ventos e ondas fortes. “Após seis horas de buscas, o ‘Geo Barent’ localizou finalmente um barco” de fibra de vidro altamente instável “com 31 pessoas aterrorizadas a bordo”.

“Foi o resgate mais difícil que fiz desde que comecei a fazer buscas e resgates, em 2017. O barco já tinha deixado entrar água quando o encontramos, à meia-noite, no meio do escuro”, contou um dos técnicos dos MSF, Javier Filgueira Guimerá.

“Enquanto estávamos a passar as pessoas para os nossos barcos, o barco de fibra de vidro virou. Caíram todos na água gelada, incluindo uma mulher grávida. Era uma situação de vida ou morte, mas conseguimos resgatar todas as 31 pessoas”, acrescentou.

Entretanto, no domingo chegaram também ao porto de Augusta, na Sicília, 28 migrantes resgatados pela organização humanitária espanhola Open Arms.

Após exames de saúde e testes para detetar potenciais contaminados com Covid-19 — todos negativos –, os migrantes adultos foram acompanhados a um dos navios de passageiros disponibilizados por Itália para fazer as quarentenas, enquanto os menores foram transferidos para um centro de acolhimento na Sicília.

De acordo com dados do Ministério do Interior italiano, desde o início do ano chegaram às costas italianas 5.997 migrantes, um número ligeiramente maior do que as 5.995 pessoas que foram registadas no mesmo período do ano passado.