Um episódio de heroísmo elevou o caráter do girassol de flor nacional da Ucrânia a símbolo da resistência não violenta do país à guerra. Uma mulher, em Henychesk, foi filmada a confrontar revoltada e indignada um militar russo armado na rua, proferindo palavras ferozes — e, no fim, o vídeo tornou-se viral.

Que c*** estão a fazer na nossa terra? Por que trouxeram armas?”, questionou. Perante a inércia do soldado, atirou: “Guarda estas sementes nos bolsos para nascerem girassóis aqui quando morreres”. [no vídeo do Observador o momento começa aos 51 segundos].

O girassol (ou Соняшник, em ucraniano) é a flor nacional da Ucrânia e é cultivado nas estepes centrais e orientais desde meados do século XVIII. Já as suas sementes funcionam como lanche ou são trituradas para produzir óleo de girassol, um importante produto das exportações. Em Portugal, o alimento começou a ser racionado na última sexta-feira em algumas superfícies comerciais, tais como Continente, Mercadona e Makro.

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Supermercados já estão a limitar venda de óleos alimentares (óleo de girassol é importado da Ucrânia)

A popularidade do óleo de girassol na Ucrânia tem sido atribuída à influência da Igreja Ortodoxa, que proibiu o uso de manteiga e da banha na culinária doméstica durante a Quaresma, mas não emitiu tal proibição contra alternativas vegetais, de acordo com o Independent.

E a História parece repetir-se: já em 1996, como noticiou o The Washington Post na época, foram plantados girassóis na base de mísseis Pervomaysk em comemoração à renúncia do país ao arsenal de armas nucleares que havia herdado após o colapso da União Soviética.

Com a invasão das tropas russas à Ucrânia, milhares de pessoas em todo o mundo concentram-se em protestos e, em muitos deles, levam girassóis. A primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, juntou-se igualmente a esta estratégia de solidariedade quando usou uma máscara com um girassol num evento na Casa Branca, a 28 de fevereiro.

Em Bristol (Inglaterra), há floristas a vender girassóis cujos ganhos revertem para instituições de caridade que estão a ajudar as famílias afetadas pela guerra, revela a ITV. Até o dia 13 de março, obtiveram quase seis mil libras (cerca de sete mil euros).

Gemini Davies, proprietária da loja Mila, contou que às vezes pergunta ao cliente a quem irá oferecer as flores. A resposta demonstra que “as pessoas estão preocupadas e querem ajudar”: “Estou a comprar para a Ucrânia”, assumem. Por sua vez, numa publicação no Instagram, a florista caraterizou Putin como um “homenzinho patético” e um “dinossauro”.