A ministra da Saúde de São Tomé e Príncipe disse esta quarta-feira que o país vai destruir mais de 50 mil doses da vacina Astrazeneca doadas por Portugal em dezembro do ano passado, cujo prazo de validade expira este mês.

Filomena Monteiro explicou que o São Tomé e Príncipe não teve “tempo material para absorver essas vacinas, porquanto o país já tinha outras“.

A ministra da Saúde defendeu que o Governo não deveria ter recebido este lote de vacinas em dezembro, explicando que o prazo de validade já indicava que não seria possível a sua administração à população tendo em conta a fraca adesão ao processo de vacinação.

São 54 mil [doses] — são 54 mil pessoas – de dezembro para aqui. É quase 50% daquilo que vacinamos durante um ano. Não era possível”, explicou a ministra que assumiu as funções em 1 de fevereiro, substituindo no cargo Edgar Neves.

Filomena Monteiro disse que desde que soube da situação há duas semanas tentou enviar as vacinas para Angola e Gabão para que fossem aproveitadas, mas estes países recusaram receber, devido ao pouco tempo de validade das mesmas.

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“Nós não conseguimos enviar para nenhum outro país vizinho para que essas vacinas fossem aproveitadas”, explicou.

A ministra revelou que desde que assumiu funções tem recebido “várias notas a solicitar a receção de mais vacinas”, mas tem recusado porque o país tem “quantidade de vacinas razoáveis para vacinar as pessoas”.

“Nós vamos dar mais três ou quatro meses. As [vacinas] que nós temos aqui vamos utilizar, só depois disso é que vamos mandar mais notas a dizer se precisamos de mais vacinas ou não”, esclareceu a governante.

São Tomé e Príncipe completou na terça-feira um ano do início da campanha de vacinação que previa vacinar 70% da população em 12 meses.

Atualmente os dados do Ministério da Saúde apontam que 51,4% da população receberam a primeira dose e 39,1% estão totalmente imunizadas.

A ministra da Saúde anunciou o reforço da campanha de vacinação nas comunidades e ações de sensibilização durante os próximos 15 dias para aumentar a cobertura nacional de vacinação.

“A estratégia utilizada e que vai ter que ser utilizada com supervisão mais reforçada é de [vacinação] porta a porta onde estão as crianças, onde estão os adolescentes e adultos“, explicou Filomena Monteiro, admitindo que “talvez faltou um pouco mais de reforço na estratégia que foi utilizada” até ao momento.

A governante defendeu que “é necessário continuar a trabalhar para que a cobertura seja redobrada” e o país possa atingir “as metas nacionais preconizadas pela Organização Mundial de Saúde de ter 70% da população vacinadas até ao final do mês de junho”.

Até ao momento foram administradas 202.598 doses de vacinas — 112.597 pessoas com a primeira dose, 85.125 com a segunda dose e 4.876 com a terceira dose.

Segundo os dados divulgados esta quarta-feira, 376 pessoas foram vacinadas nas últimas 24 horas.

Desde o início da pandemia o país registou 5.938 casos positivos, 72 óbitos e 5.862 recuperados da doença.

Neste momento há quatro casos oficialmente ativos na ilha de São Tomé.