Em condições normais, e se recuarmos até meio de dezembro, olhar para este Arsenal-Liverpool era como ver um duelo de grandes nomes do passado a viver períodos conturbados no presente e quiçá a pensar mais no que poderia ser melhorado no futuro. Porque o Arsenal estava na pior versão Arsenal das últimas épocas a anos luz dos melhores da Premier League, porque o Liverpool mesmo não estando na pior versão Liverpool da última época parecia também a anos luz na classificação do Manchester City. Em três meses, tudo mudou. E o clássico no Emirates Stadium tornou-se quase de forma escondida um dos duelos chave para aquelas que serão as grandes decisões do final de Campeonato entre a luta pelo título e o acesso à Champions.
Olhando apenas para os últimos dez encontros da Premier League, o Arsenal surgia como a melhor equipa com 25 pontos em 30 possíveis que permitiram um salto gigante na classificação. Razões para o sucesso recente do conjunto de Mikel Arteta? Várias. A saída de Aubameyang que trouxe de volta por arrasto um Lacazette mais goleador, a influência crescente de Odegaard no rendimento coletivo da equipa, a resposta positiva dos mais novos como Saka, Martinelli ou Smith Rowe, um mal que veio por bem com a ausência das provas europeias que dá outra capacidade de gestão à equipa também no plano físico. Com tudo isso, e entre oito vitórias e um empate desde meio de dezembro, os gunners chegavam ao encontro grande em atraso com a possibilidade de ficarem com quatro pontos de vantagem sobre o Manchester United no quarto lugar tendo ainda dois jogos a menos e reduzir ainda mais a desvantagem para o Chelsea (cinco pontos).
Já o Liverpool, que por altura do Boxing Day atrasou-se na corrida pelo título entre os dois empates com Tottenham e Chelsea e a derrota frente ao Leicester (tudo como visitante), chegava agora numa série de oito vitórias seguidas na Premier League entre a qualificação para os quartos da Champions e o triunfo na Taça da Liga inglesa com uma dose extra de confiança cedida por Luis Díaz, o reforço de janeiro que teve um impacto quase imediato na equipa e que voltou a ser determinante no último encontro com o Brighton. Jürgen Klopp tem sempre Salah, Sadio Mané e Diogo Jota como principais opções ofensivas e conta ainda com Firmino, Minamino e Origi como escolhas secundárias num ataque de luxo mas as valências que o colombiano tem conseguido emprestar aos reds funcionam quase como rede de segurança para qualquer falha e deixavam o conjunto de Anfield com a possibilidade de ficar apenas a um ponto do Manchester City.
Era neste contexto que chegava o tão aguardado duelo que, mais uma vez, voltou a ter Diogo Jota como um dos protagonistas tal como já tinha acontecido no jogo da primeira volta em Anfield (um golo, 4-0) e na segunda mão das meias-finais da Taça da Liga (dois golos, 2-0), com o golo inaugural que desbloqueou a partida e que colocou o Liverpool apenas a um ponto do Manchester City a nove jornadas do final. Mais: o avançado português igualou Jamie Vardy como o jogador com mais golos marcados no Emirates (cinco).
Most goals scored at the Emirates Stadium by opposition players:
▪️ 5 – Jamie Vardy
▪️ 5 – Diogo JotaArsenal have a new nemesis. ???? pic.twitter.com/mFDwYAkhWI
— William Hill (@WilliamHill) March 16, 2022
O Liverpool entrou apostado em marcar cedo e viu Ramsdale evitar essa intenção logo a abrir, com uma boa defesa para canto após desvio de cabeça de Van Dijk (2′). Todavia, só em cima do intervalo voltaria a surgir um outro remate com algum perigo, na sequência de um grande passe de Alexander-Arnold na profundidade para Mané que atirou por cima já pressionado por Gabriel Magalhães (45′). Pelo meio, com uma exibição muito positiva de Cédric Soares, o Arsenal conseguiu ir controlando a partida mesmo sem grandes lances de perigo, deixando que os visitantes tivessem mais bola para depois explorarem as transições tendo nas alas Saka e Martinelli como referências de passe aproveitando as subidas dos laterais dos reds.
Diogo Jota's last three appearances at the Emirates Stadium:
⚽️⚽️
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⚽️There's no place like away from home. ???? pic.twitter.com/hLAQBRo1Mj
— Squawka Football (@Squawka) March 16, 2022
Diogo Jota vs. Arsenal since joining Liverpool:
7 games
7 goals???? pic.twitter.com/RF18efRZsB
— B/R Football (@brfootball) March 16, 2022
O que faltou na primeira parte houve até a mais (se é que isso é possível) em dez minutos do segundo tempo, que acabaram por marcar o encontro: Sadio Mané marcou em posição irregular após passe de Henderson no seguimento de mais uma grande movimentação de Diogo Jota a vir buscar jogo atrás (46′); Lacazatte e Odegaard não conseguiram aproveitar um erro crasso de Thiago Alcântara num atraso que deixou a bola nos pés do avançado francês na área (50′); e Diogo Jota, numa altura em que Salah e Firmino já se preparavam para entrar em campo, beneficiou de um passe fantástico do mesmo Thiago para inaugurar o marcador, num lance em que Ramsdale tentou adivinhar o cruzamento e não conseguiu desviar o remate ao primeiro poste (54′). Estava desbloqueado o jogo, que ficaria decidido por Firmino após assistência de Robertson (62′).
Assim se rasga a defesa do Arsenal ???? @LFC | @DiogoJota18 #sporttvportugal #premierleague #pl #arsenal #arsenalfc #gunners #liverpoolfc #liverpool #LFC #ARSLIV #DiogoJota pic.twitter.com/daSyG1f9Lg
— SPORT TV (@SPORTTVPortugal) March 16, 2022
???????????????????????????? FINAL | Arsenal 0-2 Liverpool
Reds acertaram calendário e foram a Londres buscar os 3 pontos que os deixam a apenas 1 do City
Andrew Robertson ???????????????????????????? (8.1) foi o melhor em campo, num jogo em que Diogo Jota ???????? (5.6) marcou mas saiu cedo#UCL #ChampionsEleven #ARSLIV pic.twitter.com/ggcBDMx9CC
— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) March 16, 2022