“Petite Maman – Mamã Pequenina”

O novo filme da francesa Céline Schiamma, realizadora do excelente “Retrato de uma Rapariga em Chamas”, é tão desconcertante como dececionante. A pequena Nelly, de oito anos, perdeu a avó e está a ajudar a mãe a esvaziar a casa onde ela cresceu. No bosque circundante, conhece Marion, uma menina igual a ela (os dois papéis são interpretados pelas gémeas Joséphine e Gabrielle Sanz), e percebe que está perante a mãe quando era da sua idade. Inerte, insípido e abaixo de minimalista, “Petite Maman-Mamã Pequenina” não funciona nem como fantasia infantil, nem como conto alegórico sobre a relação entre mães e filhas, os laços que unem as gerações ou que quer que Schiamma pretendeu dizer nos 70 minutos que a fita dura, e que mais parecem o dobro.

“A História da Minha Mulher”

Jacob Störr (Gijs Naber), um capitão da marinha mercante solteirão, está com um amigo num café e aposta com ele que se vai casar com a primeira mulher que lá entrar. E ela é a bela Lizzy (Léa Seydoux), que aceita a proposta. A húngara Ildikó Enyedi (“Corpo e Alma”) adapta aqui o romance homónimo do seu compatriota Milán Fust, ambientado há um século. E o filme, seja por excesso de reverência pelo livro, seja porque a realizadora não tem a virtude da síntese, resulta num letárgico, entediante, prolixo e pouco verosímil euro-pastelão de quase três horas, que estava mesmo a pedir um produtor avisado que pusesse Enyedi a podá-lo de tudo o que tem a mais de redundante e inútil. Naber e Seydoux são muito bons, mas a fita acaba por funcionar contra eles.

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“Belle”

A nova longa-metragem animada de Mamoru Hosoda  tem como heroína Suzu, uma rapariga que vive no Japão rural com o pai e nunca mais foi a mesma desde que a mãe morreu afogada num rio para salvar uma menina. Suzu vive angustiada e ensimesmada, incapaz de se relacionar com o pai, os colegas da escola (salvo a sua única amiga) e o rapaz que conhece desde miúda e pelo qual está secretamente apaixonada. Um dia, Suzu descobre uma enorme comunidade virtual chamada U, e cria um avatar para entrar nela, vendo-se transfigurada em Belle, uma linda e sofisticada cantora, cuja voz cativa milhões de outros membros. Mas em U existe também o misterioso e agressivo Dragão. “Belle” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.