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Portugal Fashion. As malhas de Susana Bettencourt, a solidariedade da Pé de Chumbo e o regresso ao preto de Miguel Vieira

Este artigo tem mais de 2 anos

No terceiro dia do Portugal Fashion, Susana Bettencourt mostrou a alegria através das malhas, Pedro Pedro explorou o inacabado, Pé de Chumbo lembrou a Ucrânia e Miguel Vieira regressou ao preto.

No penúltimo dia do evento no Porto, desfilaram as propostas de Susana Bettencourt, Pedro Pedro, Sophia Kah, Pé de Chumbo e Miguel Vieira
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No penúltimo dia do evento no Porto, desfilaram as propostas de Susana Bettencourt, Pedro Pedro, Sophia Kah, Pé de Chumbo e Miguel Vieira

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

No penúltimo dia do evento no Porto, desfilaram as propostas de Susana Bettencourt, Pedro Pedro, Sophia Kah, Pé de Chumbo e Miguel Vieira

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Susana Bettencourt abriu a tarde de sexta-feira com uma coleção onde quis “projetar alegria”. “O meu ponto de partida foi transmitir alegria após estes anos complicados que temos vivido. Senti que, com a pandemia, a maioria das pessoas sentiu que se estava a procura e a questionar coisas como: o que gosto de fazer? Onde quero gastar os meus dias? Quero sentir a vida a passar por mim sem lhe dar significado?” Baseada nesta premissa, a criadora começou a debruçar-se sobre a identidade e o poder da cor. “Li muito sobre a terapia da cor e a busca pela identidade. O que nos torna únicos é a nossa impressão digital e o nosso ADN, estes foram os pontos de partida gráficos para toda a coleção.”

O desfile de Bettencourt começou com uma manequim com a cara tapada com um tecido bege, transmitindo uma ideia de casulo, algo que “todos experimentámos quando fomos obrigados a parar durante a pandemia”. A coordenação de cores começa em tons mais fechados, como o cru, o preto e o azul escuro, passando pelo glamour, com alguns toques de brilho, e, finalmente, a explosão de cores fortes, como rosas e laranjas. Se na estação passada, a designer apoderou-se da renda de bilros, esta coleção foi um reafirmar do seu trabalho em malhas, onde as camisolas e os casacos continuam a ser peças-chave. “O jacquard surge cada vez mais intrínseco e marcante, os canelados expressam-se a duas cores e a nível de pontos usamos o crochet.”

A designer marcou presença no início de março no showroom Tranoi, inserido na Semana da Moda de Paris, e faz um balanço positivo, ainda que consiga identificar algumas diferenças nos hábitos de consumo. “Fazer um showroom pós Covid é estranho e infelizmente a guerra tinha acabado de rebentar. Houve muita gente que cancelou viagens e sentimos que as pessoas estão a comprar de maneira diferente, mesmo os buyers que faziam a sua encomenda e a sua escolha rapidamente, agora vão muito ver, fazem muitas perguntas, mas não garantem a encomenda lá. Não querem ser abordados e pressionados, estão cada vez mais digitais. Pelo zoom e outras plataformas fazemos reuniões e conseguimos personalizar cada vez mais o nosso serviço. É uma compra mais consciente.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

A evolução das vendas online para mercados como o norte da Europa e Canadá tem solidificado a marca, que no início de abril irá inaugurar uma loja em Guimarães. “Tenho tentado tirar partido do congelamento e arranjar novas oportunidades. Estamos a arriscar muito e a crescer.”

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Logo a seguir foi a vez de Pedro Pedro regressar aos desfiles três anos após uma paragem criativa na moda. Explorando a ideia de inacabado, o criador portuense apresentou uma coleção unissexo apresentada pela primeira vez em homem. Em peças oversized, versáteis e intemporais, como sobretudos, casacos, blazers e coletes, o designer apostou em lãs, cetins e peles falsas que dominaram coordenados pincelados a preto, branco, castanho e verde.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Alexandra Oliveira, designer que comanda os destinos da marca Pé de Chumbo, abriu o desfile com uma das t-shirt que desenvolveu com o artista Fiumani, cuja venda reverte a favor da Cruz Vermelha Portugal para “minimizar o sofrimento provocado pela guerra na Ucrânia”. “É difícil ficar indiferente às imagens que vemos todos os dias na televisão. Sei que há outras guerras no mundo, mas foram guerras de libertação, esta é uma guerra de ocupação e custa ainda mais, principalmente quando é aqui ao lado. Senti necessidade de fazer alguma coisa”, começa por dizer já no fim do desfile.

Numa coleção pensada ainda antes do conflito internacional, a Pé de Chumbo voltou a trabalhar mais as texturas do que as formas, sendo que para a próxima estação fria a marca portuguesa apostou em tons dourados, castanhos, azuis, cinzas e brancos. Os tecidos, que se entrelaçam, sobrepõem em forma de malhas em redes e texturas fechadas, são materiais que restaram de coleções passadas ou foram reaproveitados de outras fábricas. “Alguns fomos buscar a fornecedores, foram cortados às tiras e assim construímos novas texturas”, explica Alexandra Oliveira, sublinhando que a preocupação com a sustentabilidade e a reutilização de materiais são uma das bandeiras da marca.

Dona de um processo criativo puramente experimental, que acontece gradualmente, peça a peça, a criadora de Guimarães foca-se essencialmente no trabalho manual, que nesta proposta apresentada inclui também a ganga numa lavagem clara. “Neste momento o atelier está a fazer jeans para outros clientes e com o tecido que sobrou criamos um segmente de sportswear. A técnica é mais ou menos a mesma, trabalhar os fios um a um.”

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Miguel Vieira fechou o dia com um regresso às origens, onde o preto, a sua cor de eleição, voltou a reinar nas suas criações. “Acho que quando se fala em Miguel Vieira, fala-se sempre do preto e do branco. Há cinco anos, comecei lentamente a colocar outras cores nos desfiles, mas nesta coleção apeteceu-me voltar a ir buscar o preto”, começa por dizer ao Observador ainda antes de fazer os fittings na sala de bastidores. “Não é a minha zona de conforto, é até uma zona complicada porque um casaco replicado no mesmo modelo em várias cores fica sempre diferente, aqui tive que desconstruir muita coisa.”

Espalhados pelos charriots, viam-se essencialmente smokings masculinos e femininos, onde um rico jogo de texturas se mostrava irreverente, elegante e sofisticado ao mesmo tempo em tecidos rígidos e estruturados. “O tema é um black dinner em que imaginei um grupo de jovens a marcarem um jantar numa montanha com seis meses de antecedência, cujo o dress code era o preto. Explorei combinações rebeldes, fora da regra, capazes de revelar bastantes personalidades fortes, em que o homem pode usar uma saia ou uns calções sobrepostos em calças, por exemplo.”

O designer apostou em coordenados monocromáticos, onde as calças oversized contrastam com blazers de corte clássico, as botas imponentes cruzam com transparências românticas e vestidos com decotes nas costas, e os detalhes em veludo, caxemira e lantejoulas conjugam-se com acessórios como chapéus, lenços padronizados e forros geométricos.

Em janeiro passado, o designer marcou presente na semana da moda masculina de Milão e garante que soube a um recomeço. “Se um dia me dissessem que na área da moda iria apresenta coleções em vídeo, como o fiz durante a pandemia, desistiria imediatamente iria para outra profissão. Gosto de toda a mise en scène inerente a um desfile, a preparação é muito importante para mim, é isso que me faz viver isto de seis em seis meses. Gosto do toque, das fotografias e das palmas no fim. Apesar do distanciamento obrigatório , foi um recomeço com o qual fico feliz, espero nas próximas estações continuar a ter salas cheias, seria bom sinal.”

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

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