As autoridades são-tomenses assinalaram esta terça-feira o dia mundial da água no distrito de Lembá alertando que a população local “não tem água em quantidade e qualidade para o consumo” desde a destruição do centro de tratamento local pelas enxurradas de dezembro.

“Viemos para Lembá, alusivo ao dia mundial de água, porque com estas enxurradas toda a zona norte foi afetada e vimos que a população não tem água em quantidade e qualidade para o consumo. Viemos aqui junto ao poder local e os técnicos para apelar e acompanhar para que essa situação possa ser reposta a normalidade“, explicou o diretor-geral dos Recursos Naturais e Energias, José Bastos Sacramento.

As fortes chuvas que caíram sobre São Tomé nos dias 28 e 29 de dezembro destruíram o centro de tratamento de água da cidade Neves, levando a população a consumir água do rio, muitas vezes sem tratamento, apesar dos apelos das autoridades para ferverem o líquido.

“Água está suja, está má. Estamos a beber água da cova, estamos muito mal” lamentou, uma moradora da cidade de Neves, Valéria Isabel.

O presidente da Câmara de Lembá, Albertino Barros, realçou que a chuva que voltou a abalar o distrito no dia 4 março “complicou mais a situação de água para a população”.

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“É muito grave que até agora a água que a população está consumindo não é de muito boa qualidade. Exortamos as entidades competentes que deem uma atenção à Lembá com maior brevidade, porque nós, a cada dia que passa, temos algumas pessoas já com sinais de doenças de origem hídrica“, disse Albertino Barros.

O centro de saúde do distrito tem registado a média de três casos por semana de doenças de origem hídrica, sobretudo em mulheres e crianças que se queixam de infeções urinárias.

A câmara de Lembá diz-se preocupada com a situação e que apesar de poucos recursos para resolver o problema, “tem estado como vigilante a acompanhar os processos” no centro de saúde e busca alternativas junto da Empresa de Água e Eletricidade (EMAE) para o tratamento de água através de uma central de tratamento numa comunidade próxima da capital do distrito.

“Nós estamos em parceria com a direção da EMAE para que possam nesse centro de tratamento do Rio Provaz dar tratamento a um pouco de água que está chegando a casa da população, mas não é em muito boa qualidade […] esperemos que possam melhorar a qualidade e a quantidade”, disse Albertino Barros.

O Governo são-tomense solicitou aos parceiros internacionais mais de 33 milhões de euros, em janeiro, para recuperar infraestruturas, comércio e apoiar agricultores, após as fortes chuvas que atingiram o país e causaram duas mortes no final de dezembro.

O coordenador sub-regional do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para a África Central, Hélder Muteia, anunciou há duas semanas que a instituição disponibilizou cerca de 316 mil euros para apoiar 15 mil famílias de agricultores de São Tomé e Príncipe afetadas pelas fortes chuvas, mas o valor será desbloqueado na primeira semana de abril.

Antes, o ministro das Infraestruturas tinha avançado que o Banco Mundial disponibilizou 4,5 milhões de dólares (cerca de 4 milhões de euros) como primeira ajuda para a recuperação das pontes sobre o Rio Lembá, de Brigoma e de Paga Fogo, no distrito de Lembá.

Na semana passada o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) prometeu mobilizar os Estados-membros e observadores associados da organização para apoiar São Tomé e Príncipe a superar os prejuízos das chuvas que atingiram o país nos últimos meses.