Os trabalhadores da Carris, reunidos esta terça-feira em plenário, mandataram os sindicatos para exigirem ao conselho de administração da empresa o “reatamento imediato” do processo negocial em curso, suspenso unilateralmente por esta última, disse à Lusa fonte sindical.

“O plenário decorreu com adesão significativa dos trabalhadores e tomou decisões no sentido da exigência do reatamento imediato do processo negocial por parte do Conselho de Administração da empresa que, aquando da convocação do plenário de hoje, suspendeu o processo negocial em curso”, explicou Manuel Leal, da FECTRANS.

Os trabalhadores da Carris estiveram em greve esta terça-feira, entre as 10h00 e as 15h00, para exigir salários e direitos que valorizem e dignifiquem as profissões, e realizaram também um plenário.

A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), afetos à FECTRANS, numa reunião realizada em 25 de fevereiro que juntou também o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA) e a Associação Sindical dos Trabalhadores da Carris (ASPTC).

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Em declarações à Lusa, o sindicalista da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) acrescentou ainda que os trabalhadores exigem que a empresa “altere a sua posição na atualização salarial“, com o plenário a ser categórico na exigência de “aumento real significativo“.

“Os trabalhadores mandataram as organizações sindicais para, caso não haja uma resposta até 1 de abril, definirem as próximas formas de luta”, sublinhou.

Questionado sobre a greve, Manuel Leal sublinhou que os sindicatos “não fizeram o controlo da greve”, salientando que o objetivo era fazer um plenário e esse objetivo “foi atingido”.

De acordo com o sindicalista, a FECTRANS tem em cima da mesa “uma proposta de um aumento nominal de 90 euros“, tendo em conta a evolução e os compromissos publicamente assumidos pelo Governo quanto ao aumento do salário mínimo nacional.

“O Conselho de Administração, depois da realização do último plenário, evoluiu de uma proposta de 10 para 20 euros, ainda muito inferior àquilo que foi a própria atualização que existiu em relação ao salário mínimo nacional“, afirmou Manuel Leal.

O sindicalista frisou que o “objetivo determinante para os trabalhadores da Carris é o seu distanciamento do salário mínimo nacional e depois a recuperação do poder de compra“, sublinhando que isso “obviamente não é atingido” pela proposta da administração.

Em 18 de janeiro, a administração da Carris iniciou com os sindicatos representativos dos trabalhadores a negociação do Acordo de Empresa para 2022 e as atualizações salariais, altura em que as estruturas sindicais rejeitaram o aumento de 10 euros apresentado, reivindicando uma subida semelhante à do salário mínimo nacional (40 euros).

Já em 18 de fevereiro, a administração da Carris apresentou aos sindicatos uma nova proposta de atualização salarial, agora de 20 euros, valor que o STRUP considera ainda “muito insuficiente”.

O STRUP defende um aumento nominal de 90 euros para todos os trabalhadores, “tendo em conta a realidade de 10 anos sem qualquer atualização salarial e a necessidade de distanciamento da evolução do salário mínimo”.

A proposta defendida pelo SNMOT é de aumentos salariais “no mesmo índice percentual que o salário mínimo nacional sofreu, ou seja, de 6,01%“, sendo que a empresa apresentou, inicialmente, uma atualização salarial de cerca 0,9%, à qual os trabalhadores já disseram que “não aceitam”.

A Carris está sob gestão da Câmara Municipal de Lisboa desde 2017.