O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, reconheceu na terça-feira ser “preocupante” a atividade sísmica em São Jorge, por ter o epicentro na “massa tectónica da própria ilha e não no mar”, motivo pelo qual estão a ser preparados todos os cenários.

“Em matéria de Proteção Civil, é bom termos um compromisso com a prudência em excesso. Não há, para já, qualquer registo de elevação da manta magmática. Mas, entre os factos e os cenários projetáveis, temos de fazer um equilíbrio. É uma situação preocupante, pois todo o epicentro destes sismos está na ilha, não está no mar”, observou José Manuel Bolieiro.

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O chefe do executivo, que na quinta-feira se vai deslocar à ilha de São Jorge devido à crise sísmica iniciada no sábado, falava em Lisboa, na sessão solene comemorativa do 95.º aniversário Casa dos Açores daquela cidade.

Bolieiro revelou que não vai integrar a visita oficial do executivo ao Brasil, com início marcado para quarta-feira, devido à atividade sísmica em São Jorge.

O presidente do Governo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, notou que os sismos “estão bem profundos”. “O que é preocupante é que [os sismos] estão na massa tectónica da própria ilha”, disse.

De acordo com o líder do executivo, a sismicidade registada “tem sido tectónica”, o que significa que estão a ser “criadas fissuras na rocha” e tal “pode evoluir para uma situação vulcânica”.

“Abrir fissuras pode permitir que o magma vulcânico encontre, nas fissuras, oportunidade de subir”, observou, notando ter tido, na Universidade dos Açores, uma reunião com o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

“Estou ansioso, como qualquer açoriano, com a situação sísmica que se vive na ilha de São Jorge”, começou por dizer Bolieiro na Casa dos Açores em Lisboa.

De acordo com o governante, “a ciência aponta” que, perante as atuais circunstâncias, “mais vale ser excessivo na prudência do que negligente na ação”.

Desde sábado à tarde foram registados mais de 1.800 sismos na ilha de São Jorge, 104 dos quais sentidos pela população. Na terça-feira, desde a meia-noite, foram sentidas 22 ocorrências, segundo dados oficiais citados pelo governante.

O Governo Regional dos Açores está a preparar cenários de retirada de pessoas da ilha de São Jorge, caso a crise sísmica, que decorre desde sábado, se agrave, revelou hoje o secretário regional da Saúde.

Governo dos Açores prepara cenários de retirada de população da ilha de São Jorge

Também está a ser identificado, em colaboração com a Câmara Municipal das Velas, “o número de pessoas com mobilidade afetada, para terem uma proteção acrescida”.

“Estamos a ir ao pormenor de identificar todos os focos de dificuldade para poder intervir com rapidez e eficácia de forma a garantir a segurança das pessoas”, salientou o titular da pasta da Saúde nos Açores, Clélio Meneses, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.