Presidente da República agradeceu esta quinta-feira a Pedro Adão e Silva “a criatividade” que mostrou como comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que disse esperar que não esqueça como ministro da Cultura.

Marcelo Rebelo de Sousa falava na Reitoria da Universidade de Lisboa, no final de um colóquio intitulado “Primaveras estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril”, inserido nas comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos.

Numa intervenção de cerca de meia hora, o chefe de Estado voltou a apelar para que as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que se vão estender por mais de quatro anos e meio, sejam “não tanto um mero revivalismo, não tanto uma mera nostalgia ou uma saudade”, mas antes “uma recriação permanente da liberdade e da democracia“.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “a construção democrática é uma realidade nunca acabada e relativamente à qual não pode haver facilitismos”, alertando que “surgem, de forma crescente, por várias formas, de várias maneiras, as xenofobias, os racismos, os populismos, os apelos autoritários, o revivalismo que tenta recriar a história fazendo dela o que ela não foi”.

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No início do seu discurso, o Presidente da República dirigiu-se ao “ainda comissário das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril”, Pedro Adão e Silva, nomeado em maio do ano passado pelo Governo para essas funções, que entretanto irá deixar, em breve, quando assumir o cargo de ministro da Cultura no novo Governo chefiado por António Costa.

“Falámos muitas vezes, o senhor primeiro-ministro e eu próprio, com ele, e queria agradecer a criatividade, que se traduz neste encontro, mas noutras iniciativas de que nos falou aqui”, disse o chefe de Estado.

“Espero que essa criatividade não sofra com a ausência do comissário, pelo contrário, que o comissário, nas novas funções, possa exercitar a cultura democrática e cívica, não se esquecendo dos 50 anos do 25 de Abril”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

A Revolução dos Cravos fará 50 anos em 25 de Abril de 2024, mas esta efeméride já começou a ser celebrada, simbolicamente, na quarta-feira, quando o atual regime democrático ultrapassou a ditadura em um dia, e as comemorações vão estender-se até dezembro de 2026, mês em se assinalam os 50 anos das primeiras eleições autárquicas, que aconteceram meses depois das legislativas e presidenciais.

Ainda não é conhecido o nome do substituto de Pedro Adão e Silva como comissário executivo à frente da estrutura de missão constituída pelo Governo para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

A par desta estrutura de missão, está previsto que funcione, junto da Presidência da República, uma comissão nacional, que compete ao Presidente da República nomear.

Na quarta-feira, foi divulgada a lista de ministros do XXIII Governo Constitucional, a que o Presidente da República prevê dar posse em 30 de março, que inclui Pedro Adão e Silva como ministro da Cultura.

Professor universitário, licenciado em sociologia e doutorado em ciências sociais, Pedro Adão e Silva é também comentador e colunista em vários órgãos de comunicação social. Foi membro do Secretariado Nacional do PS entre 2002 e 2004, sob a liderança de Ferro Rodrigues, e abandonou logo depois a vida partidária.