A Comissão Europeia aprovou esta sexta-feira um desembolso a Portugal de 1,16 mil milhões de euros, dos quais 553,44 milhões são em subvenções e o restante em empréstimos. Este é o primeiro desembolso após metas cumpridas ao abrigo das verbas da recuperação. “A Comissão Europeia aprovou hoje uma avaliação preliminar positiva do pedido de pagamento de 1,16 mil milhões de euros apresentado por Portugal, dos quais 553,44 milhões de euros são subvenções e 609 milhões de euros são empréstimos ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência”, informa a instituição em comunicado.

Em causa está um pedido de financiamento apresentado por Portugal à Comissão Europeia a 25 de janeiro, ao qual Bruxelas deu esta sexta-feira uma primeira “luz verde” pelo “cumprimento dos 38 marcos e metas selecionados […] para a primeira parcela“, explica o executivo comunitário. “Com o seu pedido, as autoridades portuguesas apresentaram elementos de prova pormenorizados e completos que demonstram o cumprimento dos 38 marcos e metas”, acrescenta. Agora, depois desta decisão da Comissão Europeia será a vez do Comité Económico e Financeiro (CEF) dar o seu parecer, tendo quatro semanas para o fazer. “Na sequência do parecer do CEF, a Comissão adotará a decisão final sobre o pagamento da contribuição financeira, em conformidade com o procedimento de exame, através de um comité de comitologia. Na sequência da adoção da decisão pela Comissão, o pagamento a Portugal pode ser efetuado”, explica em comunicado os serviços de Bruxelas.

Em meados de janeiro, o ministro das Finanças, João Leão, assinou em Bruxelas o acordo operacional do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português, anunciando na altura que Portugal iria solicitar o primeiro desembolso já em função de marcos atingidos.

Antes, no início deste ano, o responsável pela gestão do PRR português, Fernando Alfaiate, presidente da estrutura de missão Recuperar Portugal, anunciou que Portugal já tinha concretizado os 38 indicadores necessários (34 marcos e quatro metas) — equivalente a 21 reformas concretizadas e 17 investimentos lançados — para realizar o primeiro pedido de pagamento de fundos do instrumento de recuperação e resiliência a Bruxelas.

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Depois do pré-financiamento de 2,2 mil milhões de euros que Portugal recebeu no verão de 2021 — equivalente a 13% do montante total do PRR — este é o primeiro desembolso em função de metas atingidas, as quais Bruxelas diz ter “avaliado exaustivamente”, esta sexta-feira.

A Comissão Europeia especifica que em causa estão “reformas nos domínios da saúde, habitação social, serviços sociais, investimento e inovação, qualificações e competências, silvicultura, economia azul, bioeconomia, gases renováveis (incluindo o hidrogénio), finanças públicas e administração pública”.

“Vários destes marcos dizem igualmente respeito a investimentos nos domínios das infraestruturas, da descarbonização da indústria e da educação digital”, adianta.

Em causa está o Mecanismo de Recuperação e Resiliência, avaliado em 672,5 mil milhões de euros (a preços de 2018) e elemento central do “NextGenerationEU”, o fundo de 750 mil milhões de euros aprovado pelos líderes europeus em julho de 2020 para a recuperação económica da UE da crise provocada pela pandemia de Covid-19.

O PRR português inclui investimentos e reformas em 20 componentes temáticas, com uma verba de 13,9 mil milhões de euros em subvenções e 2,7 mil milhões de euros em empréstimos. A primeira tranche de pagamentos, equivalente a 13% (2,2 mil milhões de euros) do PRR, foi paga por Bruxelas a Portugal a título de pré-financiamento (adiantamento) a 3 de agosto de 2021.

Para este novo pagamento ser efetuado, caberá agora ao Comité Económico e Financeiro analisar, dentro de um mês, a avaliação preliminar positiva da Comissão Europeia sobre o cumprimento português, e dar o seu parecer para, depois, o desembolso ter autorização final.

Citada pela nota, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destaca que “Portugal deu esta sexta-feira um passo importante na via da recuperação”. “Realizou bons progressos na execução do seu plano de recuperação, com reformas transformadoras e investimentos ambiciosos nos domínios da saúde, da habitação social e da descarbonização da indústria”, elenca.