Os chefes de Governo de Portugal e Espanha vão dar uma conferência de imprensa conjunta no final de uma cimeira em Bruxelas marcada esta sexta-feira por um “debate intenso” sobre política energética e o brutal aumento dos preços da energia.

António Costa e Pedro Sánchez apresentaram-se neste Conselho Europeu, iniciado na quinta-feira, com posições concertadas para o debate desta sexta-feira sobre a crise energética e a escalada dos preços, muito agravada pela guerra lançada há mais de um mês pela Rússia na Ucrânia, e no final dos trabalhos, segundo fontes diplomáticas, darão conta em conjunto dos resultados da cimeira.

Na quarta-feira, perante a Comissão Permanente da Assembleia da República, António Costa explicou que iria defender no Conselho Europeu uma intervenção na formação de preços no mercado, lembrando que “há uma proposta que Portugal e Espanha trabalharam — e a qual a Espanha continua a apoiar, assim como a Itália e Grécia, entre outros — visando a fixação de um teto máximo para o preço de referência do gás“.

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“Por essa via, poderemos evitar a contaminação do preço da eletricidade pelo crescimento não controlado do preço do gás. É uma solução bem equilibrada que pode resolver o problema”, advogou.

Mais em termos de médio e longo prazo, Portugal, também neste caso em conjunto com Espanha, tem insistido na necessidade imperiosa de se completarem as interconexões de energia entre a Península Ibérica e o resto da Europa, uma antiga reivindicação dos dois países que sempre encontrou “resistência” nos Pirenéus, mas sobre a qual a França garante agora já não ter quaisquer reticências.

Como se antecipava, a discussão desta sexta-feira tem sido intensa, atrasando a conclusão da cimeira, antes prevista para a hora de almoço, tendo fontes europeias confirmado que os 27, reunidos desde as 10h00 (9h00 de Lisboa) têm mantido “um debate intenso, com um ângulo geopolítico forte”, mas acrescentou que já não deverá faltar muito até os líderes chegarem a uma solução “razoável” para todos, pois “muitos elementos já foram resolvidos” e “todos concordam com a necessidade básica de a UE ser mais autónoma” e de “os preços terem de descer”.