O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, minimizou esta sexta-feira alguns comentários feitos na quinta-feira pelo líder ucraniano, Volodímir Zelenski, que pareciam questionar o apoio prestado pela Irlanda após a invasão russa.

O Presidente ucraniano falou por videoconferência com os dirigentes da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas, e examinou os pontos fortes e fracos de cada país membro face à guerra na Ucrânia.

“Irlanda, bem, quase”, disse Zelenski, com uma frase semelhante à que também dedicou a Portugal, embora não tenha dado mais explicações sobre o assunto.

“Portugal — bem, está quase…”. Zelensky comenta posição portuguesa sobre adesão da Ucrânia à UE no Conselho Europeu

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Em declarações esta sexta-feira em Bruxelas, Martin disse não acreditar que o seu país tenha sido criticado e lembrou que Dublin apoia a entrada da Ucrânia na UE.

O chefe do Governo irlandês referiu que Dublin não abandonou a tradicional neutralidade militar, mas que não é “neutra do ponto de vista político”, como evidencia a contribuição de “milhões de euros” para o Fundo de Paz da UE para enviar à Ucrânia “ajuda não letal”.

O “taoiseach” (primeiro-ministro irlandês) acrescentou que a Irlanda, com pouco mais de cinco milhões de habitantes, já acolheu mais de 10 mil refugiados ucranianos, número que poderá ultrapassar os 100 mil nos próximos meses.

Martin argumentou que Zelensky estava esta sexta-feira a “falar de uma perspetiva europeia” e que não interpretou as suas palavras “da mesma maneira que outros poderiam ter interpretado”.

“Não posso especular sobre isso, exceto que falei com ele na semana passada e ele elogiou muito a contribuição irlandesa, tanto do ponto de vista humanitário como em termos do nosso claro apoio ao pedido da Ucrânia para entrar na UE, e ele me agradeceu pessoalmente o meu compromisso pessoal com isso”, revelou Martin.

Zelensky está previsto discursar em ambas as câmaras do Parlamento irlandês em 06 de abril.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.035 mortos, incluindo 90 crianças, e 1.650 feridos, dos quais 118 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,70 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.