O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai visitar a ilha de São Jorge, que atualmente atravessa uma grave crise sismovulcânica, no domingo a partir das 15h30, hora açoriana.

O presidente falou este sábado sobre esta viagem e disse: “Pretendo, por um lado, ver a situação que me é contada pelo presidente do Governo regional e, por outro, transmitir a confiança à população, que não tem razões para estar preocupada ou sobressaltada. Os elementos disponíveis mostram que não há razões de gravidade que impliquem qualquer saída ou qualquer intranquilidade das pessoas”, afirmou.

Em declarações aos jornalistas à margem do 12.º congresso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), que hoje termina em Vilamoura, o chefe de Estado confirmou que estará com o líder do Governo regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, e que deverá regressar ainda na noite de domingo a Lisboa.

Questionado sobre se a deslocação à ilha não poderia ser interpretada como um sinal da gravidade da situação, Marcelo Rebelo de Sousa descartou essa leitura.

“Vou lá precisamente com essa preocupação. Não há nada de especialmente grave que justifique uma reação das pessoas que seja de perturbação, intranquilidade pessoal ou coletiva. Aliás, o presidente do governo regional falou comigo, estava muito tranquilo e os especialistas também”, acrescentou.

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A ilha de São Jorge está desde o último sábado a atravessar uma grave crise sismovulcânica, com centenas de pequenos sismos a multiplicarem-se e ao longo dos últimos dias. Só desde a meia-noite deste sábado foram registados 560 sismos.

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Cerca de uma centena destes sismos foram sentidos pelas populações da ilha, mas não houve danos, nem sequer “objetos tombados nas prateleiras”, como explicava na terça-feira ao Observador o presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores, Rui Marques.

Ao longo dos últimos dias, vários habitantes de São Jorge (onde vivem 8.381 pessoas) têm começado a abandonar a ilha. Na zona da Calheta, região atualmente mais segura, estão a ser criadas condições para acolher quem precisar de sair de casa.

O grande problema associado a esta crise não são propriamente os pequenos sismos que se têm multiplicado, mas a possibilidade de esta enorme desestabilização das placas tectónicas conduzir a uma erupção de grandes dimensões, comparável à crise que se viveu na ilha espanhola de La Palma no final do ano passado.

Por esse motivo, as autoridades regionais e locais têm vindo a preparar-se para a eventualidade de um grande sismo ou erupção vulcânica, incluindo com planos de evacuação de toda a ilha.

Esta semana, o presidente da câmara das Velas, Luís Silveira, explicou que o plano de contingência inclui a mobilização das igrejas da ilha para darem o sinal, através do repicar dos sinos, para a evacuação — no caso de todas as outras comunicações falharem.

Os meios de socorro na ilha de São Jorge estão a ser reforçados com recurso a meios enviados a partir do continente, incluindo elementos da PSP e meios de Cruz Vermelha.

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