A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu este sábado reforçar o serviço nos centros de saúde tendo em conta a procura dos serviços de urgência dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos últimos dias.

“Estamos com alguma procura decorrente de casos de gripe que está, em termos temporais, um bocadinho mais tardia em relação a anos pré-pandémicos. Estamos atentos à situação e em contacto com os nossos hospitais e atentos à necessidade de reforçar os centros de saúde”, explicou a ministra da Saúde.

Apesar de referir que a análise dos números de utilização dos serviços de urgência dos hospitais do SNS relativa aos meses de janeiro e fevereiro de 2022, em comparação com os meses homólogos em 2019, “ainda estar abaixo do número de há dois anos”, Marta Temido salientou haver um aumento da procura das urgências em algumas unidades hospitalares.

“Comparado com janeiro e fevereiro de 2019, um ano pré-pandémico, [a análise dos números] mostra que ainda estamos abaixo dos números de há dois anos, de qualquer forma há acréscimo em algumas instituições de procura de urgência”, disse a ministra.

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De acordo com Marta Temido, estávamos ainda no mês de fevereiro “em linha com aquilo que era a procura pré-pandémica”, observando, igualmente, que não está ainda fechada a análise do mês de março.

A ministra acrescentou que se verifica a presença de casos classificados como verdes, azuis e brancos “muito superiores” aquilo que é desejado em Portugal, sublinhando que a resposta “passa pela disponibilização de alternativas à população para resolver as suas situações de saúde em atendimento programado, é um processo que se tem feito”.

As cores da triagem de Manchester nas urgências hospitalares são vermelho (emergente), laranja (muito urgente), amarelo (urgente), verde (pouco urgente) e azul (não urgente) branco é um atendimento programado.

“Os vários hospitais têm referido nos tempos mais recentes que a procura que agora sentem é de casos um pouco mais complexos, mais graves, o que significa alguma reorientação da procura, que por um lado traduz um indicador positivo, por outro preocupa-nos porque significa que estamos a ter uma procura mais complexa”, frisou a responsável.

O Jornal de Notícias (JN) revelou este sábado que, desde 2017, “não havia tanta procura como na última segunda-feira” nas urgências hospitalares, altura em que no hospital de São João, no Porto, foi atingido o máximo em 13 anos.

“Os serviços de urgência estão a rebentar pelas costuras. Na última segunda-feira, os hospitais registaram 21.655 episódios, um número que já não se via desde 2017”, refere o JN, salientando que os centros de saúde “tiveram no mesmo dia uma procura normal”.

De acordo com o JN, foram feitos 952 atendimentos num só dia no São João “sem uma justificação clara, enquanto em Lisboa, o Hospital de Santa Maria registou também na segunda e terça-feira, cerca de 800 doentes.

A mesma ministra, um novo ciclo

A ministra da Saúde, Marta Temido, reconduzida no cargo na quarta-feira pelo primeiro-ministro António Costa, disse este sábado estar disponível para enfrentar “mais um ciclo” e “trabalhar de forma unida” para responder à população.

“O que importa referir é a disponibilidade para, no início de mais um ciclo, enfrentarmos os desafios que todos, Governo, associações públicas profissionais, associações representativas dos trabalhadores, temos pela frente para garantir uma melhor resposta aos cidadãos”, disse Marta Temido no Centro Ismaili de Lisboa, onde se associou à jornada de doação de sangue para assinalar o Dia Nacional do Dador de Sangue, que se celebra no domingo, tendo igualmente participado como dadora e apelado à doação.

De acordo com Marta Temido, irá ser recomeçado “um trabalho de grande intensidade” que considera ter ficado “prejudicado por aquilo que foi a vida debaixo de uma pandemia ao longo dos dois últimos anos”.

“Não foi um tempo de governação normal”, disse Marta Temido, lembrando agora “o empenho para trabalhar com todos os atores e a certeza de que se irá conseguir fazer aquilo que é a implementação da aprendizagem da pandemia: trabalhar de forma unida para responder à população”.

Marta Temido foi reconduzida na quarta-feira, pelo primeiro-ministro António Costa, no cargo de ministra de Saúde, tendo sido já alvo de críticas por parte da Federação Nacional dos Médicos, que se mostrou dececionada com a sua recondução, assim como pela Ordem dos Enfermeiros, que lamenta a sua continuidade no cargo.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses desafiou a ministra a resolver rapidamente os problemas dos trabalhadores deste setor, enquanto o Sindicado dos Médicos se mostrou esperançado em que Marta Temido altere aquilo que designou como “atitude de arrogância”.

Só a Ordem dos Farmacêuticos ficou satisfeita com a recondução da ministra, considerando ser “escolha acertada”.

A jornada de doação de sangue no Centro Ismaili de Lisboa, conta com a colaboração do Instituto Português do Sangue e da Transplantação e com a adesão de cerca 200 voluntários, membros da comunidade Ismaili e população da Freguesia de São Domingos de Benfica, que irão dar sangue nos postos de recolha instalados no local.

Depois de ter doado sangue, Marta Temido apelou à mesma e deixou um agradecimento a todos aqueles que ao longo dos “meses difíceis” em que a Covid-19 inibiu as pessoas de participar na dádiva continuaram a apoiar as reservas de sangue em Portugal.

O evento foi organizado no âmbito do Ismaili CIVIC, um programa global sob o qual a comunidade muçulmana Shia Ismaili de todo o mundo se uniu em torno da sua tradição secular de servir a humanidade, prestando serviço voluntário para melhorar a qualidade de vida das comunidades em que vivem, independentemente da sua fé, género e origem.