O bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, Rui Valério, sublinhou quarta-feira o “caráter de povo peregrino” dos portugueses, que explica a razão de ter “a solidariedade no sangue”.

“Só um povo que está espiritualmente estruturado pelas travessias, que é navegador e caminhante, tem a alma aberta às necessidades dos outros e os vai socorrer, como fez em La Lys […], no Kosovo, na República Centro Africana”, afirmou o prelado na missa que celebrou esta quarta-feira no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e que assinalou o centenário do início da travessia de Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Para Rui Valério, “só um povo experimentado em estabelecer ligações com outros povos responde prontamente aos apelos da partilha, dando o que é e o que tem, como está a acontecer com o povo da Guiné e com o povo da Ucrânia“.

“Enfim, o mar, o ar e a terra dão-nos ouvidos para escutar o grito dos famintos, olhos para reconhecer a todos como irmãos, dão-nos mãos para servir”, frisou na homilia citada pela agência Ecclesia.

Segundo o bispo responsável pelo Ordinariato Castrense, a travessia dos dois aviadores “resgatou Portugal de uma excessiva e marcada ruralidade para o restituir ao círculo das nações cientificamente relevantes”, ao mesmo tempo que mostrou como “a ciência e a técnica se colocam ao serviço do bem”.

Rui Valério enalteceu, ainda, o “padrão de comportamento determinado não por impulsos, emoções, sentimentos ou preconceitos”, mas por “valores”, que liga as Forças Armadas ao “conhecimento científico e tecnológico” e sublinhou os valores da “comunhão e a solidariedade”.

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