Oito “capacetes azuis” das Nações Unidas morreram quando o helicóptero em que seguiam caiu na República Democrática do Congo (RDCongo), anunciaram esta terça-feira as autoridades do Paquistão, país de onde eram originários seis dos oito soldados.

“Durante uma missão de reconhecimento na RDCongo, um helicóptero Puma despenhou-se e a causa exata do acidente ainda não foi determinada”, disse o exército paquistanês, numa declaração citada pela agência France-Presse. O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, expressou “profundo choque e tristeza” pela morte destes seis soldados de manutenção da paz, de acordo com uma nota do gabinete.

As Forças Armadas da RDCongo (FARDC) declararam num comunicado que o “movimento reincidente M23 acaba de abater, na área que controla, um dos dois helicópteros de reconhecimento da Missão de Estabilização das Nações Unidas na RDCongo”. A aeronave tinha “oito “capacetes azui”, membros da tripulação e observadores da ONU a bordo”, segundo o comunicado, assinado pelo brigadeiro-general Sylvain Ekenge Bomusa.

“O helicóptero foi abatido no meio de uma missão inofensiva para avaliar os movimentos populacionais causados pelos ataques do Movimento 23 de Março (M23) na região, em antecipação das ações humanitárias a serem empreendidas”, salientou o general. As FARDC e a Monusco “estão a trabalhar arduamente para encontrar a aeronave e possíveis sobreviventes”, acrescentou a declaração.

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A nota foi emitida pouco depois da Monusco ter relatado, esta terça-feira, que tinha perdido o contacto com um dos seus helicópteros, numa área de luta entre rebeldes e o exército congolês, que esta tarde afirmou que os rebeldes do M23 tinham “abatido” a aeronave.

O M23 começou como um grupo rebelde no início de 2012 e era constituído principalmente por soldados que desertaram do exército congolês para protestar contra o governo.

Estes combatentes avançaram rapidamente e, em novembro de 2012, conseguiram ocupar a cidade de Goma, a capital do Kivu do Norte, durante duas semanas. Na altura, a ONU acusou o M23 de ser apoiado financeira e militarmente pelo Ruanda e mesmo de receber ordens diretas de oficiais superiores do exército ruandês.

Durante meses, os Estados Unidos da América e o Reino Unido cancelaram os seus donativos e programas de cooperação com o Ruanda, cujo presidente, Paul Kagame, negou quaisquer ligações com o M23. Eventualmente, a pressão diplomática levou o M23 a retirar-se de Goma e a iniciar conversações de paz com o governo congolês.

Em 2017, alguns combatentes do M23 criticaram a lenta implementação dos acordos assinados nestas conversações e organizaram ataques perto da fronteira ugandesa. O Leste da RDCongo tem estado mergulhado em conflitos há mais de duas décadas, alimentados por milícias rebeldes e ataques do exército, apesar da presença da Monusco, que conta com mais de 14 mil soldados.