O Wolves ainda sonha com a Europa e, por isso, o foco está em acabar esta bateria de jogos até ao final do campeonato com sucesso. Regressado das seleções, o primeiro adversário a ultrapassar era o Aston Villa, de Steven Gerrard. Com um registo instável, nos últimos jogos o Wolverhampton só conseguiu vencer dois — frente ao Everton e ao Watford — a armada portuguesa voltava ao campeonato no oitavo posto, a quatro pontos dos lugares europeus.

Para além do objetivo Europa, a equipa de Bruno Lage tinha neste jogo com o Aston Villa um primeiro vislumbre do que pode ser o plantel sem Rúben Neves. O português está de fora pelo menos até ao início de maio, com uma lesão no joelho, mas o futuro do médio pode não passar pelo Wolverhampton. “Quero o melhor para a carreira dele. Se ele preferir ficar connosco, fico muito feliz e a equipa fica mais forte, mas isto é o futebol. Nunca se sabe. Pode aparecer uma grande equipa com uma grande oferta. E aí temos que avaliar o que é melhor para nós e, claro, para ele”. A garantia é de Bruno Lage, dada na antevisão do encontro com o Aston Villa.

No final da derrota com o Leeds United, em que a equipa perdeu uma vantagem de 2-0 ao intervalo e viu ainda Raúl Jiménez a ser expulso, Lage quis destacar o trabalho feito nos primeiros 45 minutos da partida e garantiu que o caminho era repetir esse sucesso. Com os jogadores de regresso das seleções, o técnico português adaptou a estratégia: “Mudámos a nossa rotina, esta semana, porque os jogadores vieram todos de ambientes diferentes. É talvez a semana em que perdemos mais tempo a analisar o que temos andado a fazer, o que precisamos de fazer para este jogo e a trabalhar na nossa estratégia”. E resultou, ao longo de toda a partida o trabalho de casa de Bruno Lage pareceu sempre estar melhor que o de Steven Gerrard. 

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21 minutos de descontos, cinco lesionados, um vermelho para Raúl Jiménez e a reviravolta: Leeds vence Wolves num jogo eletrizante

Duas semanas depois da derrota da “aprendizagem”, o treinador português fez quatro alterações ao onze inicial. Sem Raúl Jiménez, que viu o cartão vermelho na última jornada, e Rúben Neves por lesão, o treinador português deixou no banco Ait-Nouri e Saiss e chamou à equipa Kilman, Marçal e os portugueses Francisco Trincão e Fábio Silva. Do lado do Aston Villa, três novidades: Lucas Digne, Sanson e Bailey foram opções para a partida, Ashley Young, Douglas Luiz e Buendia ficaram pelo banco de suplentes.

O Wolverhampton quis resolver o jogo cedo e não demorou muito a mostrar qual seria o rumo da partida. McGinn escorrega a meio-campo, a equipa da casa recupera a bola em direção à baliza adversária e aí foi à terceira: Podence vê o remate ser defendido, Fábio Silva ainda tenta que a bola acabe no fundo das redes, mas foi Jonny Castro a abrir o marcador (7′). Mesmo com o golo, a equipa de Lage não desacelerou num início de jogo muito intenso, com quase todos os lances de perigo a pertencerem à equipa da casa. Mas foi na altura em que o Aston Villa estava na melhor, à meia-hora de jogo, que o segundo golo aparece. Uma recuperação de bola de Moutinho, Marçal faz o cruzamento, e Ashley Young — ele que tinha entrado aos 13′ depois de Digne sair lesionado — coloca a bola na própria baliza ao sentir-se pressionado pelo jovem avançado português, Trincão (36′). O Wolves até podia ter ido para os balneários com o jogo fechado, mas a má finalização de Dendoncker, depois de uma jogada coletiva que envolveu os portugueses Trincão e Podence, não permitiu aumentar a vantagem.

O jogo ia para intervalo da mesma forma que na jornada passada, com uma vantagem de dois golos no marcador e o fantasma do Leeds United não parecia desaparecer. À medida que o tempo foi passando, o Aston Villa ia criando mais oportunidades e a equipa de Lage ressentia-se de não conseguir fechar a partida. Apesar das mexidas na equipa, o Wolves teve sempre dificuldade em chegar ao terceiro golo, o que iria tranquilizar os jogadores. O trabalho de José Sá foi, por isso, ficando mais difícil e o guarda-redes português destacou-se como a figura do jogo ao impedir por várias vezes o golo do Aston Villa.

Quando já nada fazia prever, o jogo agitou-se e aqueceu. Um choque entre José Sá e Watkins na área do português resultou numa grande penalidade, um lance bastante contestado pela equipa da casa. Bola para um lado, guarda-redes para o outro, golo de Watkins (86′) e o jogo ganhava uma novo vida. O Aston Villa acreditou no empate com tentativas de McGinn (90′) e de Matthew Cash (91′), mas sem sucesso. Já para lá dos noventa, confusão entre os jogadores, o árbitro acalmou a partida com uma série de cartões amarelos, altura em que a bola pouco rolou no relvado do Molineux. Final da partida com um festejo efusivo de Bruno Lage que continua a sonhar com a Europa.

A lição que o treinador português queria que fosse bem estudada ainda tem algumas falhas, o Wolverhampton sofreu para garantir a vitória e conseguir esse objetivo bem definido de chegar às competições europeias. A armada portuguesa sobe ao sétimo lugar, com 49 pontos.