Os anos passam e José Mourinho envelhece, adapta-se, evolui a aprende. Mas não muda: e mais do que nas questões táticas e técnicas, isso é notório na forma como se apresenta nas conferências de imprensa, como oscila entre a boa disposição e as respostas mais ácidas, como não abre qualquer margem para a possibilidade de dar um passo em falso. E o exemplo paradigmático disso mesmo foi a antevisão do jogo deste domingo contra a Sampdoria.
Logo à partida, o treinador português antecipou uma das primeiras perguntas a que teria de responder. Depois de Zaniolo ter ficado de fora do dérbi da semana passada contra a Lazio e após o afastamento de Itália do Mundial do Qatar, Mourinho foi questionado sobre o estado de espírito do internacional italiano — algo que adivinhou, já que levou no bolso um papel onde se lia “Zaniolo, segunda pergunta”, acabando por entregar a prova da antecipação ao jornalista que fez a pergunta. “Eu sabia! Eu sabia que a do Zaniolo seria a segunda pergunta, olha vê”, atirou o técnico.
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Depois do momento de boa disposição, naturalmente, seguiu-se o momento de maior tensão. Na sequência de uma pergunta sobre a defesa da Roma, Mourinho dirigiu-se diretamente ao jornalista que colocou a questão. “Esperava uma pergunta muito mais violenta da tua parte. Ouvi-te na rádio ontem e foste muito mais agressivo, muito mais crítico, muito mais violento. Não estava à espera de uma pergunta tão fácil. A conclusão a que chego é de que tu és super agressivo e super violento na rádio mas depois chegas aqui e borras-te todo à minha frente”, disse o treinador português.
Ora, após uma conferência de imprensa muito agitada, a Roma visitava este domingo a Sampdoria: a equipa de Mourinho estava pressionada pela vitória da Lazio frente ao Sassuolo, precisando de ganhar para continuar à frente dos grandes rivais, e Sérgio Oliveira aparecia naturalmente no coração do meio-campo dos giallorossi, assim como Rui Patrício era o dono da baliza. Zaniolo, o alvo da questão que o treinador português adivinhou, ficava de fora com uma lesão muscular.
Numa primeira parte em que a Sampdoria até teve maior presença no meio-campo adversário e criou as ocasiões de maior perigo junto das balizas, com a Roma a ter alguma dificuldade para sair de forma apoiada, a equipa de José Mourinho acabou por chegar à vantagem através de um lance coletivo magistral. Na sequência de 17 passes, com o próprio Rui Patrício a participar na jogada, Pellegrini deu largura na esquerda, Zalewski cruzou rasteiro para a grande área, Tammu Abraham ganhou ao segundo poste e Mkhitaryan, com a ajuda de um ressalto no guarda-redes, encostou para abrir o marcador (27′).
No segundo tempo, tal como tinha feito no início do jogo, a Sampdoria entrou melhor e assumiu o controlo das ocorrências com o objetivo de chegar ao empate. A equipa de Marco Giampaolo tinha mais bola e estava totalmente inserida no meio-campo da Roma mas não conseguia criar verdadeiras oportunidades de golo, esbarrando na muralha defensiva que o conjunto de José Mourinho tinha construído nos últimos 30 metros. Ainda assim, a Roma não tinha qualquer capacidade para sair em transição rápida, deixando Abraham totalmente isolado a lutar contra vários defesas adversários, e só ficou perto de aumentar a vantagem com um pontapé por cima do avançado inglês (79′).
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Num jogo em que Tammy Abraham saiu lesionado na zona do ombro depois de um choque, algo que pode ser um problema para José Mourinho na preparação das próximas jornadas da Serie A e também dos quartos de final da Liga Conferência contra o Bodø/Glimt, a Roma venceu a Sampdoria pela margem mínima e segurou o 5.º lugar com mais dois pontos do que a Lazio. E, para isso, só precisou de uma jogada brilhante com 17 passes e uma finalização.
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