Há sinais de “sobrevalorização” em “alguns segmentos dos mercados financeiros” e, nesse contexto, “acentuam-se os riscos de uma reavaliação abrupta dos prémios de risco”, avisa a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), que elevou para “alto” o nível de riscos de mercado.

Os alertas estão na última edição do relatório trimestral Painel de Riscos do Setor Segurador, publicado esta segunda-feira pela ASF. “A incerteza quanto à evolução do conflito armado [entre a Rússia e a Ucrânia] e ao respetivo impacto sobre a atividade económica refletiu-se num aumento da volatilidade dos mercados financeiros, motivando a revisão dos riscos de mercado para o nível alto“, afirma o supervisor.

Depois da correção negativa que se registou no primeiro trimestre, nas principais bolsas mundiais, a ASF nota que “no período mais recente” houve “correções no sentido ascendente” e os chamados prémios de risco permanecem “em níveis contidos” – ou seja, de um modo geral, as bolsas não estão a incorporar cenários muito negativos nas cotações das ações. Mas isso pode mudar, abruptamente, salienta a ASF.

Risco de mercado foi o único revisto em alta, passando para nível “alto”. Fonte: ASF

O supervisor avisa que, “fruto da sobreavaliação de alguns segmentos dos mercados financeiros e do aumento da incerteza por parte dos investidores quanto à evolução dos preços, acentuam-se os riscos de uma reavaliação abrupta dos prémios de risco“, o que poderia penalizar as empresas do setor, que têm uma grande parte dos seus investimentos nos mercados financeiros.

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No primeiro trimestre de 2022, a avaliação dos principais riscos do setor segurador nacional encontra-se fortemente influenciada pelo conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, que conduziu à subida dos preços globais da energia e de outros bens, agravando as tensões inflacionistas e aumentando as incertezas quanto à condução da política monetária e à recuperação económica em curso”, afirma a ASF, neste relatório que é feito, em parte, com base nos dados reportados pelas empresas de seguros.

Em relação à rendibilidade do setor segurador nacional, a ASF nota que “no final de 2021 o resultado líquido global provisório manteve-se positivo, tendo registado um aumento em termos homólogos” – o que suporta a análise de que os riscos estão em nível “médio-baixo”.

Porém, avisa o supervisor, “o rácio global de solvência registou um decréscimo de 8,5 pontos percentuais, na  variação trimestral em cadeia, para 206,6%”, embora tenha permanecido, “ainda assim, num nível superior ao registado no final de 2020”.