O novo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, reiterou segunda-feira, no Luxemburgo, que as comemorações dos 50 anos do 25 de abril devem focar-se nessa data e no que “une” os portugueses.

Em declarações após participar no seu primeiro Conselho de ministros da Cultura da União Europeia (UE), menos de uma semana após ter tomado posse, Adão e Silva, ex-comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de abril, comentava o interesse de deputados do PSD em saber que iniciativas serão dinamizadas para assinalar o 25 de novembro de 1975.

Admitindo não ter ainda conhecimento da carta que, segundo o jornal Inevitável, lhe irá ser enviada segunda-feira por um grupo de deputados sociais-democratas, através da Assembleia da República, o ministro disse estar “sempre disponível para falar com todos os deputados, em particular sobre os temas que têm a ver com as comemorações que são dos 50 anos do 25 de abril”, mas reiterou a posição que expressou ainda enquanto comissário executivo das comemorações, que permanecerão sob a alçada do seu Ministério.

“Nunca mostrei nenhumas reticências [em assinalar o 25 de novembro]. O que eu disse é que estas comemorações são sobre os 50 anos do 25 de abril e, como aliás o general [Ramalho] Eanes sempre diz a propósito deste tema, devemos focar-nos em comemorar aquilo que nos une”, afirmou.

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Adão e Silva sublinhou que, “ao longo deste período, aliás, isso já aconteceu desde que as comemorações começaram, há cerca de 10 dias”.

Iremos assinalar todos os eventos, refletir sobre eles. O 25 de novembro foi um momento crucial para a consolidação da democracia portuguesa, mas as comemorações são sobre os 50 anos do 25 de abril, e acho que devemos todos manter o foco naquilo que nos une, naquilo que é o chão comum que faz com que a democracia portuguesa seja hoje uma democracia particularmente consolidada, até no contexto europeu”, reforçou.

Relativamente à sua sucessão no cargo de comissário executivo das comemorações da revolução de abril de 1974, disse que “o Conselho de Ministros tomará uma decisão muito brevemente”.

“Já é mais ou menos público que essa tutela ficou do lado da Cultura e, portanto, isso será tratado muito brevemente no Conselho de Ministros“, disse.

Já quanto à iniciativa do PSD de lhe dirigir uma pergunta sobre as iniciativas pensadas para o 25 de novembro, considerou-a “uma coisa normal do debate político e público”, mas observou que os sociais-democratas atravessam uma “fase de transição”, após a qual disse esperar que reassuma o lugar que lhe pertence no quadro político nacional, considerando tal “fundamental num contexto de maioria absoluta”.

“O PSD está numa fase de transição, e o que eu acho fundamental é que o PSD se assuma mesmo como o maior partido da oposição e que assuma esse lugar, isso é fundamental para o funcionamento da democracia portuguesa. Neste momento tem o líder [Rui Rio] demissionário, e a seu tempo eu tenho a certeza de que o PSD reassumirá o lugar que é seu e que é fundamental num contexto de maioria absoluta“, declarou.

Em entrevista à Lusa em 20 de março, ainda enquanto comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, Pedro Adão e Silva disse entender que o 25 de novembro de 1975 foi marcante e consolidou o processo democrático, mas atualmente diz pouco à sociedade portuguesa e divide.

“O 25 de novembro de 1975, bem como outras datas, será assinalado, motivo de debate e de reflexão, mas não é uma efeméride que se possa comparar com o 25 de Abril de 1974”, defendeu Pedro Adão e Silva na entrevista à agência Lusa.