O Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (Sinpes) angolano anunciou, esta terça-feira, que suspendeu por trinta dias a greve, que dura há três meses, admitindo retomar a paralisação caso as autoridades não aceitem a nova proposta salarial.

Segundo o secretário-geral do Sinpes, Eduardo Peres Alberto, a suspensão da greve por 30 dias, entre 5 de abril e 5 de maio, foi deliberada em assembleia realizada na sexta-feira passada, em Luanda.

“Na assembleia rejeitámos também a proposta do Presidente da República de aumento salarial de 6% e aprovámos uma nova proposta que vai de 2,6 milhões de kwanzas (5,2 mil euros) para o professor catedrático e 1,5 milhões de kwanzas (3 mil euros) para o professor assistente estagiário”, afirmou, esta terça-feira, o sindicalista, em declarações à Lusa.

A greve, que teve início em 3 de janeiro passado, está suspensa por trinta dias, mas, observou o professor universitário, “se o governo não atender a nova proposta salarial” a greve será retomada “por tempo indeterminado a partir de 9 de maio”.

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“E também suspendemos atendendo ao clamor os estudantes, é um sinal de que não somos radicais, é uma obrigação do Estado garantir o bem-estar para quem trabalha, daí a necessidade da boa vontade política por parte do governo”, realçou o líder do Sinpes.

Aumento salarial, melhores condições laborais, pagamento da dívida pública e eleições dos corpos diretivos das instituições públicas do ensino superior constituem algumas das reivindicações dos professores universitários angolanos.

O secretário-geral do Sinpes recordou que a greve, por tempo indeterminado, surge em consequência do “incumprimento” do memorando de entendimento assinado em novembro de 2021 “por parte das autoridades”.

Um salário equivalente a 2.000 dólares (1,7 mil euros) para o professor assistente estagiário e a 5.000 dólares (4,4 mil euros) para o professor catedrático era a proposta salarial inicial do Sinpes para contrapor os atuais “salários medíocres”.

Eduardo Peres Alberto deu a conhecer que o aumento salarial de 6%, proposto pelo Presidente angolano, João Lourenço, compreende que o professor catedrático terá um salário líquido de 598.000 kwanzas (1,1 mil euros), o professor associado um salário líquido de 546.000 kwanzas (1.000 euros), professor auxiliar 514.000 kwanzas (1.000 euros) e o assistente um salário de 483.000 kwanzas (952 euros) e o estagiário 410.000 kwanzas (808 euros).

“Logo, esse montante é ínfimo porque não houve evolução nenhuma”, realçou o responsável, que liderou em 19 de março passado uma manifestação dos professores universitários, em Luanda, contra o incumprimento do memorando.

O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior espera que as autoridades angolanas aprovem a sua nova proposta salarial “para o bem das partes”.