Kim Yo Jong, a irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, deixou esta terça-feira um sério aviso, o segundo, em dois dias, aos vizinhos do sul. “Se a Coreia do Sul, por alguma razão, optar por alguma ação militar, a situação vai mudar. Tornar-se-á um alvo”, afirmou, garantindo que, nesse cenário, o país usará armas nucleares.

De acordo com a agência Reuters, Kim Yo Jong avisou que, caso Seul invada nem que seja um centímetro do território norte-coreano, sofrerá um “desastre inimaginavelmente terrível”. “Isto não é uma ameaça”, insinuou a irmã do líder coreano, acrescentando que se tratava de uma “explicação detalhada da reação” do Coreia do Sul a uma possível “ação militar sem sentido da Coreia do Sul”.

Garantindo que a Coreia do Norte é contra a guerra, Kim Yo Jong disse mesmo que, apesar destas declarações, a Coreia do Sul não é o principal inimigo. “Dito doutro modo, significa que a não ser que a Coreia do Sul leve a cabo qualquer ação militar contra o nosso Estado, não será um alvo de um ataque pela nossa parte.”

Num comunicado divulgado pela agência de notícias oficial da Coreia do Norte, Kim Yo Jong considerou os comentários do ministro da Defesa da Coreia do Sul, Suh Wook, sobre um ataque preventivo, um “sonho mirabolante” e a “histeria de um lunático”.  E acrescentou que “se os exércitos dos dois lados lutarem entre si, toda a nação coreana sofrerá um desastre como o de meio século atrás, que poderia ser mais terrível, não importa qual lado ganhe ou perca em uma guerra ou combate”.

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Esta reação surge depois de, na sexta-feira, o ministro da Defesa da Coreia do Sul, Suh Wook, ter dito que as forças armadas de Seul têm mísseis com um alcance suficiente para “atingir com precisão e rapidez qualquer alvo na Coreia do Norte”. Para Pyongyang, tais declarações foram um “grande erro”.

No domingo, Kim Yo Jong já tinha chamado Suh Wook de “canalha”, avisando a Coreia do Sul de que poderia enfrentar uma “séria ameaça” por causa dos comentários do ministro da Defesa.

As tensões entre as duas Coreias estão altas, após Pyongyang ter acelerado este ano os testes de armas, incluindo o primeiro teste de um míssil de longo alcance desde 2017, a 24 de março.

Especialistas acreditam que a Coreia do Norte pode reforçar os testes nos próximos meses, possivelmente testando mísseis sobre o mar do Japão ou retomando os testes nucleares.

Durante uma visita ao comando estratégico de mísseis do país na semana passada, Suh Wook disse que a Coreia do Sul tem a capacidade e prontidão para lançar ataques de precisão contra o Norte se detetar que Pyongyang pretende disparar mísseis contra o Sul.

Os Estados Unidos impuseram a 01 de abril novas sanções financeiras a cinco entidades norte-coreanas acusadas de estarem “diretamente ligadas” ao desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais pela Coreia do Norte.

Kim Yo Jong é conhecida pela sua influência nos assuntos inter-coreanos no regime de Kim Jong Un, ocupando o cargo de vice-diretora de departamento do Comité Central do Partido dos Trabalhadores, no poder desde 1948, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap.