Uma seguradora do Reino Unido exigiu a uma cliente, ex-professora britânica, que pagasse uma maior taxa de seguro por hospedar refugiados ucranianos, algo não permitido pela Associação Britânica de Seguradoras.

Cath Bateman, residente na cidade de Kent, acolheu uma família composta por uma mãe e dois filhos em sua casa. Depois de comunicar à seguradora John Lewis Home que mais três pessoas iriam viver consigo, a seguradora informou a ex-professora que teria de pagar mais 41,74 libras (cerca de 50 euros) por ano, além das atuais 381 libras — cerca de 457 euros — cobradas pela renovação do seu contrato.

A Associação Britânica de Seguradoras, contudo, prevê, em função do atual conflito na Ucrânia, que não deve ser cobrado um valor mais elevado, durante um ano, a quem decida acolher refugiados ucranianos.

“Se for um proprietário no Reino Unido e quiser albergar temporariamente refugiados que tenham sido deslocados por causa do conflito na Ucrânia, como hóspedes que não paguem, em sua, casa, não precisa de informar a sua seguradora e a sua cobertura [do seguro] manter-se-á a mesma“, explicou a Associação num comunicado partilhado na internet, aquando do início da invasão russa à Ucrânia. “A situação aplica-se durante os primeiros 12 meses para qualquer refugiado que viva consigo, incluindo quando a sua apólice tiver vencido e for renovada.”

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“Não tenho uma casa grande, mas tinha dois quartos livres e ofereci-me para os ceder quando descobri que a família estava a dormir no chão“, explicou Cath Bateman ao The Guardian. A ex-professora decidiu oferecer os quarto vazios uma vez que os refugiados — uma mãe com uma filha de 12 anos e um filho quatro — estavam a residir numa casa sobrelotada.

A família ucraniana tinha sido resgata da Polónia com a ajuda da irmã da mãe ucraniana, que reside atualmente no Reino Unido. “Pensei que seria melhor informar a minha seguradora, mais por cortesia do que por outro motivo, mas não acreditei quando me ligaram de volta e disseram que teria de pagar mais 41 libras. É totalmente errado.”

Abordada pelo jornal britânico, a seguradora John Lewis Home afirmou tratar-se de um erro da empresa, e explicou que Cath Bateman seria reembolsada.

Não estamos a cobrar taxas adicionais aos nossos clientes pela receção de refugiados ucranianos nas suas casas. Lamentamos pelo erro cometido neste caso e a cliente receberá um reembolso total”, explicou um porta-voz da seguradora.

A família de três que Cath Bateman acolheu não implicou só um aumento na seguradora. Uma vez que a mãe e os dois filhos foram levados para o Reino Unidos através de um visto de família pedido pela irmã da refugiada ucraniana, a família não pode receber as 350 libras mensais — cerca de 419 euros por mês — que o governo britânico está a oferecer como forma de apoio às famílias refugiadas.

“Estou na mesma muito contente por tê-lo feito [o acolhimento], e estamos a dar-nos bem. Contudo, as autoridades poderiam com certeza fazer mais para tornar a situação mais fácil. Não percebo porque é que aqueles que ajudam refugiados que chegam através de vistos familiares não têm direito ao pagamento das 350 libras. As nossas tentativas para tentar abordar o problema têm falhado até agora”, concluiu a ex-professora britânica.