Na ilha norte da Nova Zelândia, as águas foram iluminadas por flores de plâncton que brilharam num tom azul fluorescente após o anoitecer de segunda-feira. São reações de bioluminescência que estão na raiz deste fenómeno que “dá à costa” esporadicamente — até já aconteceu em Portugal.

Vários biohunters (caçadores de bioluminescência, em tradução livre) vasculharam o litoral neozelandês à procura desta emissão de luz. Um dos entusiastas foi o fotógrafo Sajith Muraleedharan, que captou o momento em Napier e publicou as imagens nas redes sociais. “É também chamada de aurora do mar – como a Aurora Australis que se vê no céu”, sublinhou ao The Guardian.

A luz é ativada pelo movimento: as cristas das ondas começam a brilhar e, depois, vai dos salpicos às pegadas na areia molhada até aos peixes que ao nadar podem deixar rastos cintilantes. “Cada vez que uma onda entra, é possível observar este belo fenómeno. É fantástico – muitas pessoas estavam lá, algumas com família, outras a nadar”, descreveu Muraleedharan. “É realmente uma coisa incrível para se testemunhar. (…) É mágico”.

Estes organismos utilizam a “luminescência” para fugir ou distrair os predadores. “Os dinoflagelados produzem esta luz quando [são] perturbados, e enviam um flash com a duração de uma fração de segundo – incomodando o predador que tenta comê-los”, explicou Karl Safi, ecologista especializado em algas no Instituto Nacional de Água e Investigação Atmosférica.

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Estas ondas fluorescentes são, contudo, imprevisíveis. Safi salvaguarda que são “comuns em noites quentes e também podem ocorrer após dias de chuva intensa”. Mas uma coisa é certa: só ocorre à noite devido ao relógio biológico intrínseco às criaturas — não brilham durante o dia, mesmo que sejam colocadas dentro de um espaço escuro ou num recipiente.

A microbiologista Siouxsie Wiles usa a bioluminescência para rastrear o crescimento de doenças infecciosas em laboratório. Vertente profissional à parte, foi igualmente vislumbrar este fenómeno “muito bom” quando teve conhecimento dele, nas suas palavras.

E é assim que os grupos amadores de caçadores comunicam entre si: avisam-se uns aos outros em que ponto do país a maré está bioluminescente e quem consegue viaja até lá para a ver com os próprios olhos.