O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu esta quinta-feira aos europeus que garantam que a Rússia responde perante a justiça internacional pelos crimes de guerra que está a cometer na Ucrânia.

Num discurso por videoconferência no Parlamento da Grécia, Zelensky afirmou que a Europa, no seu todo, é um alvo para a Rússia — e que, por isso, os líderes europeus devem ajudar a Ucrânia a resistir ao avanço militar russo.

“Sejamos honestos: desde o início, as ações da Rússia têm sido dirigidas não apenas à Ucrânia, mas também à Europa“, afirmou Zelensky no discurso, citado pela agência Reuters.

“De uma vez por todas, podemos ensinar à Rússia e a outros potenciais agressores que aqueles que escolhem o caminho da guerra perdem sempre”, disse o líder ucraniano. “Aqueles que chantageiam a Europa com crises económicas e energéticas perdem sempre.“

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Volodymyr Zelensky pediu ao Ocidente para “levar a Rússia à justiça” pelos crimes cometidos na Ucrânia e à Grécia que use a sua influência junto da União Europeia (UE) para “organizar melhor” a salvação da cidade de Mariupol, com ajuda humanitária e envio de armas.

O Chefe de Estado ucraniano referiu-se à situação em Mariupol, cidade sitiada na qual, segundo ele, gregos e ucranianos “convivem pacificamente” há muitos séculos.

Cerca de 100.000 ucranianos de origem grega vivem na área de Mariupol, e esta cidade era, como Zelensky salientou, o centro da comunidade grega na Ucrânia.

Zelensky lembrou que em Mariupol “nenhum edifício permaneceu intacto”, por causa dos bombardeamentos russos que “deliberadamente” destruíram hospitais, centros culturais e até um teatro onde se estima que pelo menos 300 pessoas que ali se abrigavam das bombas terão morrido.

“Mariupol precisa de apoio imediato”, disse o Presidente da Ucrânia, pedindo à Grécia para exercer a sua capacidade de influência junto das instituições da UE para conseguir apoio humanitário e material militar, essencial para combater as forças russas.

“Peço que usem a vossa influência como país membro da UE, para organizar melhor qualquer resgate que possa ser efetuado em Mariupol”, apelou Zelensky.

Não devemos aceitar que Mariupol se torne Termópilas, onde morreram alguns heróis“, acrescentou o líder ucraniano, numa referência à História da Grécia clássica.

Zelensky também enfatizou, mais uma vez, que o mundo tem de “fechar completamente a porta” aos bancos russos, e a Europa deve proibir os navios russos de se aproximarem dos portos do “mundo democrático”.

O Presidente ucraniano referiu-se aos laços estreitos que a Grécia manteve ao longo da sua história com outra cidade ucraniana, Odessa, onde a “Sociedade Amiga” (Filiki Eteria) foi formada no século XIX, uma organização secreta que se formou a partir de Ucrânia e que teve um papel importante na guerra da independência da Grécia.

Vários partidos da oposição helénica não compareceram à sessão parlamentar extraordinária onde compareceu Zelensky, por videoconferência, como o comunista KKE que, embora tenha denunciado a invasão russa, considera que o Governo ucraniano legitimou a “propaganda nazi” e proibiu o funcionamento do Partido Comunista no seu país.

O MeRA25, partido do ex-ministro das Finanças Yanis Varufakis, participou apenas de forma simbólica, com a presença de um deputado em apoio ao povo ucraniano, enquanto os demais se ausentaram em protesto pela falta de debate após a intervenção.

O Presidente ucraniano tem-se multiplicado em discursos por videoconferência perante parlamentos de todo o mundo. Na quarta-feira, também o Parlamento português aprovou por maioria (com a oposição do PCP) o convite a Zelensky para discursar perante a Assembleia da República.