A Turquia transferiu esta quinta-feira o julgamento do homicídio de Jamal Khashoggi, jornalista saudita assassinado em 2018 em Istambul, para a Arábia Saudita.

O tribunal anunciou a decisão atendendo a um pedido feito na semana passada por um procurador que argumentava que o caso se estava a arrastar porque “as ordens judiciais” não podiam ser cumpridas, uma vez que “os 26 réus são estrangeiros”.

O The New York Times escreve que a decisão da Turquia foi um golpe para os defensores dos direitos humanos e da liberdade de imprensa, que esperavam que o julgamento tornasse públicas mais evidências de como o crime ocorreu e sobre quem estava envolvido.

Transferir o julgamento de Khashoggi da Turquia para a Arábia Saudita acabaria com qualquer possibilidade de justiça para ele”, disse Michael Page, vice-diretor da Human Rights Watch para o Médio Oriente, em comunicado divulgado antes da decisão do tribunal.

Para um dos advogados da noiva de Jamal Khashoggi, Me Gokmen Baspinar, “esta decisão de transferir o julgamento vai contra a lei” e “constitui uma violação da soberania turca”.

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Jamal Khashoggi, jornalista que escrevia para o The Washington Post, onde criticava o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, foi assassinado e desmembrado em outubro de 2018 dentro do consulado saudita de Istambul, quando se preparava para ir buscar um documento para poder casar-se com a noiva turca Hatice Gengiz. Os seus restos mortais nunca foram encontrados.

Em 2019, a Arábia Saudita condenou cinco homens à morte e três a penas de prisão pelo assassinato de Jamal Khashoggi. No ano seguinte, as sentenças de morte foram alteradas para penas de prisão depois de um dos filhos do jornalista ter perdoado os assassinos.

Cinco homens condenados à morte pelo homicídio de Jamal Khashoggi

O julgamento turco, que começou em julho de 2020, foi em grande parte simbólico porque a Arábia Saudita se recusou a extraditar os suspeitos e a lei turca não permite a condenação de arguidos que não testemunharam no tribunal. A Turquia anunciou esta quinta-feira que vai devolver o caso à Arábia Saudita.