E se os sons puderem ajudar a acalmar a dor? E se a melodia trouxer conforto para quem sobre há vários anos? E se o ritmo servir também como analgésico? No Hospital de Leiria, todos estes elementos se conjugam num laboratório de musicoterapia que recebe os doentes encaminhados pela Unidade de Dor. O projeto chama-se Dói Menor já ajudou mais de trezentos pacientes.

A ideia partiu da Sociedade Artística e Musical dos Pousos (SAMP), que colabora com aquela unidade do Centro Hospitalar de Leiria em iniciativas com grávidas, bebés e doentes de saúde mental e em cuidados paliativos. Mas desta vez a pauta foi diferente: recorrendo à musicoterapia, uma técnica que alia som, ritmo, melodia e harmonia, os doentes conseguem por algum tempo esquecer o sofrimento resultante da dor crónica.

O projeto arrancou em 2015 e, durante a pandemia, quando os contactos foram suspensos, a SAMP abriu a possibilidade de as pessoas se inscreverem online para sessões terapêuticas de meditação e relaxamento.

O público alvo foi muito variado: doentes da Unidade de Dor e de psiquiatria, cuidadores e profissionais de saúde. E, na sequência disso, nasceu outro projeto, que acaba por continuar o trabalho iniciado na musicoterapia – alguns doentes que terminam o bloco de dez sessões prescritas pela equipa médica integram depois o grupo “Cantares de Amigo”, que reúne às quartas-feiras, no Berço das Artes, uma segunda casa da SAMP, nos Pousos, freguesia de Leiria.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O trabalho da SAMP é acompanhado por uma equipa multidisciplinar integrada por médicos de várias áreas, como reumatologia, psiquiatria, fisiatria, anestesiologia e acupuntura. Aqui utiliza-se a metodologia Benenzon, que adota o nome (Rolando O. Benenzon) do músico, compositor, psiquiatra, psicodramatista, formado em psicanálise e investigador, considerado o “pai” da musicoterapia.

Joana Pinto, Bela Belchior e Helena Brites são as três musicoterapeutas da SAMP, estando esta última a frequentar um doutoramento sobre “Os efeitos da Musicoterapia no alívio da dor em pessoas com fibromialgia”, no Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa.

Este artigo faz parte de uma série sobre solidariedade social e é uma parceria entre o Observador, a Fundação “la Caixa” e o BPI. O projeto “Dói Menor”, da SAMP, recebeu um financiamento de 62 mil euros, ao abrigo da edição de 2019 do Prémio Solidário. Foi um dos 129 projetos selecionados desde 2016 (a partir de 1200 candidaturas) entre iniciativas que facilitam o desenvolvimento e a inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade. As instituições privadas sem fins lucrativos podem candidatar-se à edição de 2022 até 26 de abril.