O número de ogivas nucleares na posse de nove países que possuem este tipo de armamento está a aumentar, denunciou segunda-feira uma coligação de organizações que vigia arsenais e trabalha para um acordo que as proíba total e definitivamente.

Atualmente, existem 9.440 ogivas nucleares disponíveis para serem utilizadas em mísseis, aviões, submarinos e navios, com uma potência equivalente a 138.000 bombas como a que foi lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima em 1945.

A guerra na Ucrânia e as ameaças de [Presidente russo] Vladimir Putin são um lembrete do enorme perigo de viver num mundo em que alguns Estados insistem que a sua segurança deve basear-se na sua capacidade de [utilizar] violência nuclear maciça e indiscriminada”, disse um representante da organização não-governamental (ONG) Ajuda Popular da Noruega.

Esta ONG integra a campanha internacional para abolir as armas nucleares e publicou segunda-feira um relatório anual, que indica que, além das 9.440 que podem ser usadas em qualquer momento, há 3.265 ogivas nucleares antigas à espera de serem desmanteladas na Rússia, Reino Unido e Estados Unidos.

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Até 2007 houve uma diminuição no arsenal nuclear global, que começou então a desacelerar, ainda que o “stock” utilizável de ogivas nucleares tenha atingido o seu nível mais baixo em 2017, quando se contavam 9.227 unidades. Desde então, o número de ogivas tem vindo a aumentar.

Segundo o relatório, a China, Índia, Coreia do Norte e Paquistão aumentaram os seus arsenais no ano passado, enquanto o Reino Unido anunciou um aumento potencialmente significativo.

No caso da Rússia, houve um aumento das reservas úteis nos últimos anos, enquanto os Estados Unidos aumentaram as suas reservas em 2019 para voltar a reduzi-las em 2020 e 2021.

As reservas francesas e israelitas têm permanecido constantes, de acordo com o documento, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

Segundo os especialistas, o desmantelamento de ogivas antigas vai ser concluído em breve e não haverá mais redução nos inventários por esse mesmo motivo.

Entretanto, “não há provas de que qualquer Estado com armas nucleares tenha vontade de entrar numa fase de desarmamento nuclear”.

Em 2021, entrou em vigor um tratado internacional sobre a proibição de armas nucleares, mas nenhum dos nove Estados dotados desse tipo de armas o assinou.

O relatório considera o Irão e a Arábia Saudita como “casos de preocupação”, considerando que embora não tenham atualmente bombas nucleares, ambos têm capacidades tecnológicas que permitirão o seu desenvolvimento e fabrico.