Faz parte do plano para que a aviação seja um negócio “rentável” para a TAP em 2025 e foi anunciado esta segunda-feira pela administração da empresa. Nos “próximos meses”, a TAP vai apresentar um plano para integrar a Portugália na TAP SA. A empresa é atualmente detida pela TAP SGPS.

Na apresentação dos resultados de 2021, o administrador financeiro da companhia, Gonçalo Pires, revelou que a empresa está a “trabalhar ativamente” numa estratégia composta por cinco vetores, que tem como objetivo “mitigar os riscos de contexto” que a companhia atravessa, como a inflação, os custos com a energia ou “macro volatilidade”  provocada pela guerra na Ucrânia e ainda pela Covid.

Um dos pontos dessa estratégia é o “foco no negócio core”, ou seja, na aviação. Para tal, a TAP propõe “continuar a reorganização corporativa” da empresa, que passará por transferir a Portugália (PGA) da TAP SGPS para a TAP SA e a UCS (Cuidados Integrados de Saúde) da TAP Ger (Sociedade de Gestão e Serviços SA) para a TAP SA.

“Estamos a cumprir o plano. O objetivo desta administração é maximizar as receitas e controlar os custos. Esta mentalidade de controlo de custos está presente em toda a empresa. Há muitos fatores externos, como vimos nos últimos meses, e temos de encontrar estratégias para mitigar a nossa exposição a esses fatores. O que conseguirmos controlar, vamos controlar”, começou por dizer Gonçalo Pires, que acompanhou a apresentação da CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener.

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O foco no negócio da aviação é um dos compromissos assumidos pela empresa, na sequência do plano de reestruturação, aprovado em Bruxelas em dezembro do ano passado. Nesse sentido, a companhia “vai focar-se na TAP SA”, e “nos próximos meses” será apresentado um plano ao acionista Estado para integrar as duas empresas na TAP SA.

O responsável não adiantou pormenores sobre o processo de integração, nomeadamente o que acontece com as participações dos atuais acionistas ou com a própria marca Portugália. Sublinhou apenas que não se trata de uma aquisição, uma vez que a TAP está atualmente impedida de avançar com aquisições, devido ao plano de reestruturação. “É uma reorganização”, destacou o CFO. “Sentimos que  PGA e a UCS são uma parte da estratégia do que deve ser a nova holding, TAP SA. Essas aquisições serão decididas na reunião de acionistas. Convocaremos uma assembleia geral depois da apresentação dos resultados para o acionista tomar a decisão. A anterior holding era a TAP SGPS. Com a reorganização, o aumento de capital e as compensações da pandemia estão a ser injetadas em forma de capital na TAP SA, o novo grupo será a TAP SA, que irá integrar a PGA e a UCS”, rematou Gonçalo Pires.

A medida não consta no relatório de gestão e contas consolidadas comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A Portugália é atualmente detida pela TAP SGPS, que deixou de ter qualquer participação no capital da TAP SA, que detém a transportadora aérea, após o aumento de capital do Estado, concretizado em dezembro, quando a SGPS ainda detinha 8% da SA. A TAP SGPS ainda tem os trabalhadores da companhia, com 5%, e Humberto Pedrosa, com 22,5%, como acionistas.

Mega-aumento de capital da TAP concluído. Transportadora totalmente nas mãos do Estado

Ainda no âmbito da reorganização da empresa, e das obrigações vertidas no plano de reestruturação, que tem como lógica que “o Grupo se foque na atividade central, nomeadamente no negócio da aviação desenvolvido pela TAP e Portugália”, a empresa vai desinvestir nas “atividades não centrais”. “Neste contexto, o Plano de Reestruturação prevê que a TAP SGPS abandone progressivamente todas as outras atividades de serviços que tem vindo a fornecer no mercado.

Para o efeito, irá proceder-se à venda, alienação ou descontinuação de três linhas de negócio, como se segue: (i) a subsidiária brasileira de manutenção de aeronaves, M&E Brasil; (ii) o prestador de serviços de handling e assistência em terra, Groundforce; (iii) o prestador de serviços de catering, Cateringpor”.

TAP com prejuízos que rondam os 1.600 milhões de euros no ano passado

O encerramento da operação do Brasil e a sua liquidação já teve efeitos nas contas de 2021, que resultaram num prejuízo recorde de 1.600 milhões de euros. A empresa justifica as perdas com “custos não recorrentes de 1.034,5 milhões de euros, essencialmente decorrentes da reorganização do grupo TAP – Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, S.A., (TAP SGPS ou Grupo TAP) e da decisão de encerramento das operações de manutenção no Brasil”. O administrador financeiro da TAP garantiu que não estão previstos mais custos com esta operação.