O primeiro-ministro destacou, esta segunda-feira, o ex-presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Rui Vilar com uma personalidade da cultura portuguesa que também provou que um banco público pode ser bem gerido com bons resultados financeiros.

Esta posição foi transmitida por António Costa na sessão de homenagem a Rui Vilar, antigo ministro e antigo presidente da Fundação Calouste Gulbenkian — uma apreciação que também foi partilhada pelo presidente executivo da CGD, Paulo Macedo.

Numa cerimónia em que também estiveram presentes o cardeal patriarca, D. Manuel Clemente, o ex-presidente da Assembleia da República Ferro Rodrigues e os ministros das Finanças, Fernando Medina, e da Cultura, Pedro Adão e Silva, António Costa e Paulo Macedo descerraram uma placa alusiva à atribuição ao grande auditório da Culturgest do nome de Emílio Rui Vilar, que cessou funções como presidente do Conselho de Administração da CGD em 23 de dezembro último.

Natural do Porto, licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, antigo diretor geral da Comissão Europeia e com uma longa carreira no setor da banca, Rui Vilar lançou a Culturgest em 1993.

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Na sua intervenção, tanto Paulo Macedo, como António Costa, destacaram o período recente em que Rui Vilar assumiu as funções de “chairman” do banco público em 2016, numa fase difícil no plano financeiro, designadamente em matéria de cumprimento das diretrizes europeias de rácios mínimos de capital.

O primeiro-ministro defendeu que Rui Vilar pode ser homenageado pelo seu percurso de “cidadão empenhado”, fundador da SEDES e ministro “num período difícil da democracia portuguesa”, ou pelo seu serviço de “constante dedicação à economia”.

Rui Vilar não foi só presidente da CGD no momento em que se impunha a abertura à competição com o setor privado, como também aceitou ser chairman num momento de difícil, em que o esforço de recapitalização era essencial e em que muitos duvidavam em Portugal e em Frankfurt da viabilidade da existência de uma Caixa enquanto banco público”, referiu o líder do executivo.

Enquanto presidente do Conselho de Administração da CGD, segundo António Costa, “Rui Vilar acompanhou a gestão rigorosa que Paulo Macedo e a sua equipa imprimiram. Demonstraram que um banco pode ser público, pode ser bem gerido, pode cumprir os planos e atingir os resultados”.

“Na semana passada, foi devolvido por inteiro a emissão privada da dívida. Emissão essa que foi o teste de mercado exigido pela Comissão Europeia para autorizar a capitalização por parte do Estado. Demonstrou-se que um banco bem gerido, público, é um banco que vale a pena e serve o nosso país“, completou.

Tal como Paulo Macedo, o primeiro-ministro evidenciou o percurso de Rui Vilar na esfera da cultura, desde os tempos de estudante em Coimbra, onde esteve ligado ao CITAC (Companhia Independente de Teatro da Academia de Coimbra).

“A cultura foi um fio condutor ao longo de toda a sua vida. Foi assim enquanto administrador de quase todas as maiores instituições culturais portuguesas, culminando com dez anos de presidência da Fundação Calouste Gulbenkian”, acrescentou António Costa.

Neste ponto relativo à dimensão cultural de Rui Vilar, Paulo Macedo relacionou o “conhecimento do mundo” e o “sucesso profissional da longa carreira” do ex-presidente do Conselho de Administração da CGD.

“Estas homenagens devem fazer-se em vida. Sei da reserva de Rui Vilar em relação a homenagens, mas estes momentos são importantes”, sustentou o antigo ministro da Saúde do executivo de Pedro Passos Coelho.

Paulo Macedo considerou que a ação de Rui Vilar teve sempre “uma dupla vertente: Conhecimento do mundo e noção de serviço público“.

“A prática de colocar os seus conhecimentos ao serviço dos outros, do país, prolongando esse esforço ao longo de anos a fio”, salientou.