“Não foi fácil no início. Não começámos bem, não jogámos bem. Chegou Hansi Flick e tudo mudou; vitória após vitória, trabalhámos muito bem e vencemos todos os jogos da Champions. Foi histórico, nunca tinha acontecido algum clube vencer todos os jogos desde a fase de grupos até à final e nós fizemos isso.

Não foi só vencermos os jogos mas o modo como o conseguimos: na fase de grupos batemos o Tottenham por 7-2, nos quartos ganhámos ao Barcelona [8-2] e vencemos a meia-final [Lyon] por 3-0. Depois, a final [PSG]. Tudo é possível numa final mas naquele dia sabíamos que iríamos vencer. A nossa confiança estava muito alta. Claro que respeitávamos os adversários mas sentíamos e sabíamos que iríamos vencer.”

Danjuma tinha avisado: este Submarino tem sempre um “masterplan” (ou como o Villarreal venceu o Bayern)

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Foi desta forma que Robert Lewandowski recordou em entrevista à UEFA a campanha vitoriosa do Bayern em 2020 na principal prova europeia. Nesse ano, mais do que em qualquer outro, os bávaros foram elevados a principal equipa e também clube do Velho Continente, não só pelo rolo compressor que ligavam em campo mas também por toda a organização financeira, económica, comercial e a nível de política desportiva que era um exemplo para os outros. Aliás, essa era a principal marca dos germânicos sobretudo na última década de total domínio nacional: podem ir mais ou menos longe na Champions, podem ganhar mais ou menos títulos além da Bundesliga mas tudo fazia sentido e era natural. Esta temporada, nem sempre tem sido assim.

Os segundos em que a equipa jogou com 12 frente ao Friburgo não são propriamente normais para quem se gaba de ter uma estrutura altamente profissional mas também pode acontecer. As dificuldades que a equipa tem sentido em vários jogos da Liga, como o recente triunfo pela margem mínima a oito minutos do final na receção ao Augsburgo (e com um penálti assinalado pelo VAR de Lewandowski) também podem acontecer. No entanto, há sinais que mostram que nem tudo vai bem e o último chegou do próprio polaco que, segundo a imprensa do seu país, já informou que não pretende renovar em 2023 e estará a caminho do Barça.

O avançado pode ser o terceiro “caso Alaba” só esta época depois da saída do austríaco a custo zero para o Real Madrid. Niklas Süle já se comprometeu com o B. Dortmund, Tolisso não vai renovar e sai livre no verão, Lewandowski pode ser o próximo no final de 2022/23 e ainda há outros nomes como Manuel Neuer, Müller ou Gnabry. A par disso, e olhando para os resultados desportivos na Champions, a resposta dos bávaros fora não tem sido a melhor depois de uma fase de grupos imaculada, empatando aos 90′ em Salzburgo (antes do “atropelo” por 7-1 na Allianz Arena) e perdendo em Espanha contra o Villarreal por 1-0. E era neste contexto marcado pela incerteza em torno da referência ofensiva que chegava o encontro de uma temporada.

Nagelsmann deu tudo. Começou com três defesas, acabou com apenas dois de raiz, colocou em campo tudo o que mexesse com características ofensivas, viu a equipa ter várias oportunidades para a reviravolta. Emery, esse, pedia calma. Só calma e cabeça. E quando percebeu que o adversário já não conseguia acertar os golpes com a mesma força e direção, preparou um K.O. para a história numa simples transição ofensiva.

A primeira parte do encontro na Allianz Arena teve sentido quase único na direção da baliza de Rulli desde o minuto inicial mas terminou com o remate mais perigoso do Villarreal (por sinal, o seu segundo do jogo) por Gerard Moreno antes de um lance em que Goretzka arriscou ser expulso quase em sinal de desespero perante a insistência sem sucesso do Bayern em busca do golo. Aliás, essa foi a nota principal dos 45 minutos iniciais: Musiala teve um remate cruzado ao lado (20′) e um desvio de cabeça para defesa do guarda-redes argentino (30′) mas os bávaros enfrentaram sempre grandes dificuldades em furar o bloco defensivo bem organizado dos espanhóis que tinham em Albiol e Pau Torres dois autênticos esteios a segurar toda a equipa.

O plano de Nagelsmann, a jogar com apenas três defesas num esquema altamente ofensivo, estava lá mas era mal interpretada pela falta de velocidade, de qualidade de passe e de movimentação na frente. Tudo o que, no arranque do segundo tempo, não faltou. E essa enxurrada de futebol ofensivo que já tinha registado duas chances falhadas por Musiala e Upamecano trouxe mesmo o 1-0 pelo inevitável Lewandowski num lance muito típico de PlayStation: Coman conseguiu intercetar um passe no meio-campo contrário de carrinho, Müller assistiu o polaco e o remate do número 9 bateu ainda no poste antes de entrar (52′). E o rolo não ficou por aí. Depois, entre as dificuldades dos espanhóis, o motor deixou de carburar. E o Bayern teve tanto risco (tirou Lucas Hernández para lançar Alphonso Davies, que apesar de ser lateral não é um defesa de raiz) que acabou mesmo por sofrer, com Chukwueze a encostar ao segundo poste após assistência de Gerard Moreno no seguimento de uma transição fantástica que passou por Dani Parejo e Lo Celso (88′).