Os comerciantes da Baixa lisboeta mostram-se expectantes com as vendas na Páscoa e com o aumento do turismo, depois de dois anos parados devido à Covid-19, mas alertam que nem todos os setores crescem ao mesmo ritmo.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto (ACBA), Hilário Castro, diz que “as expectativas são grandes”, devido aos dois anos que estiveram “completamente parados e sem turismo” e com o aumento turístico que já se verifica.

Segundo o responsável, a informação que tem chegado à associação, relativa às férias da Páscoa, é que “está a superar as expectativas”.

Hilário Castro distingue as situações dos setores da “restauração e diversão noturna”, “que estão a recuperar no Bairro Alto”, da situação do “setor do comércio”, que está “um bocadinho mais em banho-maria”, mas acredita que a Páscoa vai trazer uma “melhoria” a esses comerciantes.

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O presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto (ACBA) referiu ainda que o período da Páscoa é “uma altura do ano com muitos estrangeiros que dão muita dinâmica comercial” à zona, por isso, considera-a uma “época importante”.

Menos otimista está o presidente da Associação de Valorização do Chiado (AVChiado), Victor Silva, que, apesar de reconhecer que o setor da restauração está a melhorar, não criou muitas expectativas para os restantes empresários.

Segundo o responsável, mesmo com o aumento do turismo, já notório, contabilizam-se “quebras de 50% relativamente a 2019”, ano anterior à pandemia da Covid-19.

Com base nas quebras registadas, Victor Silva mostra-se inseguro quanto a esta época pascal, acrescentando que a associação já nem tem “expectativas” devido à “realidade de insegurança” que se vive, referindo-se à incerteza do futuro ainda causada pela Covid-19.

No entanto, ressalva que melhoria é notória no “setor da restauração”, que “é o setor que pode recuperar mais rapidamente”, e onde, neste momento, “com o fluxo de turismo, se espera mais aderência”.

Na rua das Portas de Santo Antão, uma das zonas mais turísticas de Lisboa, os proprietários da loja de artesanato “Guerreiro e Silveira”, Alexandra e José, têm “expectativas muito positivas” para esta época, já que inauguraram o negócio três semanas antes do primeiro confinamento.

José Silveira comenta que “se nota a chegada de mais turistas” e espera-se, neste período, a visita maioritariamente de “espanhóis, entre os turistas europeus”, para “favorecer o negócio”.

Do outro lado da rua, Alípio Ramos, da Frutaria Bristol, com mais de 50 anos, afirma estar “à espera que as coisas melhorem”, mas ainda não vê “grandes indícios”.

O proprietário da frutaria diz que nesta época espera-se que “vários espanhóis venham passar a Páscoa a Portugal”, mas afirma que este ano “está muito longe” de voltar ao tempo anterior à pandemia porque, apesar do “levantamento das restrições”, o “aumento do preço dos produtos” que se tem vindo a registar não se vai solucionar apenas com o aumento do turismo.

Na área da restauração, o sócio-gerente do restaurante Santiago, Sérgio Ribas, confirma que “durante a Páscoa estão sempre a contar com o aumento do negócio” e que, nos últimos tempos, o negócio “tem vindo a crescer”.

Com o levantamento das restrições da pandemia, Sérgio Ribas comenta que, nos “mais de 30 anos” a trabalhar naquele estabelecimento, “nunca viu um inverno tão bom como este” e, “se continuar assim”, as suas expectativas para o fim de semana da Páscoa são “muito boas”.

Esta Páscoa é a primeira, após dois anos do início da pandemia de Covid-19, que os portugueses não estão em confinamento e que Portugal não se encontra em estado de emergência.