O presidente da Câmara da Sertã disse nesta quarta-feira que teve conhecimento pela comunicação social da instalação de uma central solar flutuante perto da barragem do Cabril e que o atual executivo municipal não foi informado pelas autoridades competentes.

A Câmara [Sertã] não pode deixar de ver com alguma preocupação a instalação desta infraestrutura, pelo que irá abordar o Ministério do Ambiente e da Ação Climática no sentido de ser cabalmente esclarecida sobre as características do projeto em causa e sobre o seu real impacto no território”, afirmou, à agência Lusa, o presidente do município da Sertã, Carlos Miranda.

A barragem do Cabril, no rio Zêzere, une o concelho de Pedrógão Grande (distrito de Leiria) à freguesia de Pedrógão Pequeno (concelho da Sertã, distrito de Castelo Branco).

Numa nota de imprensa emitida na semana passada, a Voltalia informou ter conquistado o projeto de energia solar flutuante na barragem do Cabril.

Esta central “vai ser instalada perto da barragem do Cabril, na Sertã [Castelo Branco]”, e “a capacidade instalada será entre 33 MW [megawatt] e 40 MW, dependendo da otimização final do projeto”, referiu.

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A expectativa é de que “o projeto seja comissionado até 2026”.

Quanto às receitas, “serão suportadas por um contrato de 15 anos atribuído pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática, prevendo um preço de 41.025 euros por megawatt-hora”.

“A Câmara Municipal da Sertã teve conhecimento do projeto de instalação de uma central de energia solar flutuante na albufeira do Cabril, nas proximidades da barragem, através da comunicação social, não tendo sido informado [pelo menos o atual executivo não foi informado] pelas autoridades competentes, desconhecendo, assim, as características do projeto, nomeadamente o local preciso de implantação e os seus potenciais impactos”, sublinhou Carlos Miranda.

O autarca da Sertã realçou ainda que a barragem do Cabril é um recurso essencial para o território ao nível turístico, de captação de água para abastecimento ao seu concelho e concelhos limítrofes e um local fundamental para o abastecimento de aviões de combate a incêndios nos frequentes fogos florestais que assolam regularmente a região.

“Não obstante ser naturalmente, e por princípio, favorável à diversificação das fontes de energia e à produção de energias limpas no país, face à dimensão anunciada para o projeto, e considerando o desconhecimento a que se aludiu anteriormente, a câmara não pode deixar de ver com alguma preocupação a instalação desta infraestrutura”, sustentou.

Neste sentido, Carlos Miranda afirmou que irá questionar o Ministério do Ambiente e da Ação Climática sobre o projeto em causa.

Já o presidente da Junta de Freguesia de Pedrógão Pequeno (Sertã) disse também ter tido conhecimento do projeto pela comunicação social.

Manuel Dias desconhece por completo o projeto e adiantou que está a cumprir o seu terceiro mandato como autarca e nunca ouviu falar deste projeto.

Na terça-feira, a Câmara e o Clube Náutico de Pedrógão Grande manifestaram também preocupação com o impacto da instalação de uma central solar flutuante perto da barragem do Cabril.